Auxiliares do governo ouvidos pela mídia conservadora afirmam que cada nova versão do relatório gera mais dúvidas quanto à efetividade do pacote e configura o que classificam como “lambança legislativa”.
Por Redação – de Brasília
Integrantes do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) avaliaram que o quarto relatório apresentado pelo deputado Guilherme Derrite (PP-SP) para o ‘PL Antifacção’ não resolve pontos centrais exigidos, especialmente no que diz respeito à Polícia Federal (PF).

Auxiliares do governo ouvidos pela mídia conservadora afirmam que cada nova versão do relatório gera mais dúvidas quanto à efetividade do pacote e configura o que classificam como “lambança legislativa”, expressão usada para descrever o acúmulo de mudanças vistas como insuficientes ou contraditórias.
Para o Planalto, é “inegociável” a recomposição total dos recursos da PF, diante do risco de descapitalização da autarquia. No entanto, a nova versão do relatório de Derrite não devolve integralmente as fontes de financiamento consideradas essenciais pela PF.
Sem consulta
Não bastassem as inconsistências apontadas por técnicos ouvidos pelo Palácio do Planalto, até líderes do chamado ‘Centrão’ se mostram irritados com as indecisões do deputado Guilherme Derrite (PP-SP), relator do texto, na condução do Projeto de Lei (PL) Antifacção.
Parlamentares do grupo disseram à mídia conservadora que Derrite demonstrou “soberba” ao apresentar o relatório sem consultar previamente aliados, o que teria levado a desgastes desnecessários dentro e fora da base parlamentar.
Diante da repercussão negativa, Derrite recuou sucessivas vezes até acatar as sugestões do Executivo. Ainda assim, o desconforto foi generalizado tanto entre governistas quanto na oposição. A pressão de governadores e líderes partidários fez o presidente da Câmara, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), adiar a votação do projeto para a terça-feira da semana que vem.
Blindagem
Nos bastidores, parlamentares avaliam que a condução do caso enfraqueceu a imagem de unidade do ‘Centrão’ ao passar a associar a proposta de Derrite à ‘PEC da Blindagem’ — medida criticada por reduzir a transparência e dificultar investigações contra políticos.
Líderes do centrão têm dito que Derrite ignorou o impacto político que alterações em temas sensíveis poderiam causar.
— Ele é um dos que mais entendem de segurança pública, mas achou que não precisava dividir o texto antes de apresentar. O resultado foi um erro político que poderia ter sido evitado — resumiu um deputado, em condição de anonimato, ao diário conservador paulistano Folha de S. Paulo, nesta quinta-feira.