As irregularidades vieram à tona após a análise das câmeras operacionais portáteis (COPs), que registraram os desvios em tempo real.
Por Redação, com Agenda do Poder – do Rio de Janeiro
O Ministério Público do Rio denunciou, na última sexta-feira , seis policiais militares do Batalhão de Choque por crimes de peculato e furto qualificado cometidos durante a megaoperação nos complexos da Penha e do Alemão, em outubro.

As irregularidades vieram à tona após a análise das câmeras operacionais portáteis (COPs), que registraram os desvios em tempo real.
Fuzil desaparecido no Alemão
A 1ª Promotoria de Justiça junto à Auditoria Militar denunciou os 3º sargentos Marcos Vinicius Pereira Silva Vieira e Charles William Gomes dos Santos.
As imagens mostram Silva Vieira recolhendo um fuzil semelhante a um AK-47 dentro de uma casa onde cerca de 25 suspeitos já haviam se rendido.
Em vez de encaminhar a arma para contabilização, ele se afastou do grupo e, minutos depois, reuniu-se com Charles Santos para esconder o armamento em uma mochila. O fuzil não foi registrado entre o material apreendido.
Peças furtadas de carro na Vila Cruzeiro
Em outra frente de investigação, a 2ª Promotoria denunciou o subtenente Marcelo Luiz do Amaral, o sargento Eduardo de Oliveira Coutinho e outros dois PMs por furtar peças de uma Fiat Toro estacionada na comunidade.
Segundo o inquérito, Coutinho retirou o tampão do motor, um farol e as capas dos retrovisores, enquanto Amaral e outro policial garantiram condições para o furto, inclusive tentando impedir o registro das câmeras corporais.
O quarto agente, identificado como Machado, estava presente, mas se omitiu. O caso foi denunciado no sábado.
Tentativa de burlar câmeras corporais
Nas duas denúncias, o MPRJ destacou que os policiais tentaram manipular ou obstruir o funcionamento das COPs para dificultar a fiscalização.
O relatório de análise de vídeo identificou tentativas de desligar as câmeras e movimentos para cobrir ou desviar o campo de visão, comprometendo a produção de provas e a transparência das ações.
As promotorias que atuam na Auditoria Militar continuam analisando horas de gravações da Operação Contenção e não descartam novas denúncias por mau uso das câmeras e por outros delitos que venham a ser confirmados.
Presos
Ao todo, dez PMs foram alvos da ação na última sexta-feira, comandada pela Corregedoria. Além das prisões, foram cumpridos dez mandados de busca e apreensão.
Entre os presos estão o subtenente Marcelo Luiz do Amaral e os sargentos Eduardo Oliveira Coutinho e Diogo da Silva Souza.
“O comando da corporação reitera que não compactua com possíveis desvios de conduta ou cometimento de crimes praticados por seus entes, punindo com rigor os envolvidos quando constatados os fatos”, diz a nota da PM.
Relembre o caso
A megaoperação, que mobilizou equipes das polícias Civil e Militar, resultou em 122 mortes, entre elas, cinco policiais.
O governo estadual afirma que os outros 117 mortos eram integrantes do crime organizado. Mais de 90 fuzis foram apreendidos.
A ação tinha como objetivo garantir o cumprimento de 100 mandados de prisão de pessoas ligadas ao crime organizado. Entre elas, Edgar Alves de Andrade, o Doca, apontado como o líder do Comando Vermelho na região.