Após 10 dias de manutenção periódica, combustível volta a fluir no gasoduto Nord Stream 1, importante linha de fornecimento de gás natural da Rússia até a Alemanha. Mas fluxo é de cerca de 40% da capacidade.
Por Redação, com DW - de Moscou
O gasoduto Nord Stream 1 retomou o funcionamento conforme programado na manhã desta quinta-feira. O fluxo nessa importante via de fornecimento de gás natural da Rússia até a Alemanha, de onde é distribuído para outros países europeus, havia sido interrompido para manutenção anual por 10 dias.
O presidente da Agência Federal de Redes de Energia da Alemanha (Bundesnetzagentur), Klaus Müller, informou que o gasoduto que atravessa o Mar Báltico está funcionando com cerca de 40% da sua capacidade, mesmo nível que antes da interrupção, já que Moscou havia reduzido o fornecimento de gás à Alemanha.
Havia o temor de que a Rússia aproveitasse a manutenção periódica para suspender permanentemente o funcionamento do duto, cortando a fornecimento do combustível, o que provocaria uma crise energética no país. A Alemanha acusou o Kremlin de usar a energia como "arma política".
– Moscou não se esquiva de usar fornecimentos de grãos e energia como uma arma. Temos que ser resolutos em nos proteger – disse o chanceler federal alemão, Olaf Scholz, a repórteres no início desta semana.
Na quarta-feira, as reservas de gás alemãs estavam em cerca de 65% da capacidade, segundo estimativas oficiais. O governo em Berlim tem como meta preencher as reservas do combustível do país em 90% até novembro.
No ano passado, a Rússia forneceu 40% do gás importado pela UE, por meio do Nord Stream e de outros gasodutos, e uma interrupção total do fornecimento elevaria os preços de energia para o consumidor e aumentaria o risco de uma recessão profunda. Entre os países que também recebem gás russo transportado via o Nord Stream 1 estão Itália, Áustria e República Tcheca.
Ainda à mercê da Rússia
Klaus Müller afirmou, entretanto, que a Alemanha continua "à mercê da Rússia" apesar de o gás ter voltado a fluir através do Nord Stream 1.
– Estamos à mercê da Rússia no momento porque eles decidem quanto gás o Nord Stream 1 traz para nós – disse Müller à agência de notícias DPA. "O pior cenário não ocorreu, mas não posso dizer que está tudo bem agora", disse Müller, em referência a um aviso recente do presidente da Rússia, Vladimir Putin, de que as entregas de gás podem ser limitadas a 20% da capacidade máxima.
Desde que Putin lançou um ataque à Ucrânia em 24 de fevereiro e o Ocidente respondeu com sanções contra Moscou, a Rússia começou a reduzir seu fornecimento de gás aos países da UE.
Putin culpou o Ocidente e as sanções impostas à Rússia por problemas de abastecimento.
A manutenção de turbinas construídas pela Siemens, essenciais para o funcionamento do duto, é realizada em uma fábrica no Canadá. Ottawa havia inicialmente bloqueado o retorno de uma turbina por causa das sanções. Consequentemente, a gigante de energia Gazprom, controlada pelo Kremlin, reduziu as exportações de gás através do Nord Stream para 40% da capacidade normal no final de maio e novamente de forma mais drástica em meados de junho.
Após pressão da Alemanha, o Canadá concordou em devolver a turbina. O equipamento estaria já a caminho do Canadá para a Alemanha, de onde será enviado para a Rússia, usando uma brecha nas sanções, pois "pelo lado da UE, esses transportes não são afetados pelas sanções", afirmou um porta-voz do Ministério da Economia alemão na segunda-feira.
Putin também alertou que, pelo fato de uma outra turbina dever ser enviada para manutenção no final deste mês, o fluxo de energia pode cair para 20% da capacidade a partir da próxima semana.
A Comissão Europeia pediu aos países da UE na quarta-feira que reduzam sua demanda por gás natural em 15% nos próximos meses de inverno e para que forneçam à Comissão poderes especiais para implementar os cortes de demanda necessários no caso de a Rússia cortar o gás para a Europa.
– A Rússia está usando a energia como uma arma e, portanto, em qualquer evento, seja um grande corte parcial do gás russo ou um corte total, a Europa precisa estar pronta – disse Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia.