No encontro com parlamentares aliados, Barros também teria negado ser o responsável pelas pressões sofridas pelo servidor do Ministério da Saúde Luis Ricardo Miranda para liberar a importação da Covaxin. O deputado Miranda, nesta manhã, insinuou que existe uma gravação sobre o encontro com Bolsonaro.
Por Redação - de Brasília
Líder do Governo, na Câmara, o deputado Ricardo Barros (PP-PR), líder do chamado ‘Centrão’ e figura central no escândalo da CPI da Covid sobre a compra da vacina indiana Covaxin, desafiou abertamente o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), em reunião com aliados na noite passada, que não deixará o cargo. Interlocutores do parlamentar leram a decisão como uma resposta a Bolsonaro e ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que não estariam interessados em defendê-lo, publicamente.
— Eu sei me defender. Não vou sair da liderança — repetiu.
A posição de Barros revela, no entanto, uma fratura na base aliada do governo. Lira o considera um adversário, no grupo e Bolsonaro mudou o tom do discurso, temendo a existência de uma gravação do encontro com o deputado Luiz Miranda (DEM-DF) e o irmão dele, Luiz Ricardo Miranda, que o envolveria no caso de corrupção na compra da vacina indiana Covaxin.
No encontro com parlamentares aliados, Barros também teria negado ser o responsável pelas pressões sofridas pelo servidor do Ministério da Saúde Luis Ricardo Miranda para liberar a importação da Covaxin. O deputado Miranda, nesta manhã, insinuou que existe uma gravação sobre o encontro com Bolsonaro.
— Ele não vai mentir. Ele não é maluco. Ele deve ter um pouquinho de juízo. Ele não vai me fazer acabar com a minha vida política e com a dele mostrando algo que eu não quero mostrar. Não estou mentindo — disse Miranda, a jornalistas.
Prevaricação
Questionado se o irmão Luis Ricardo Miranda pode ter gravado uma conversa com Bolsonaro, o parlamentar relatou que "na hora certa tudo pode aparecer". O parente do parlamentar é chefe de importação do Departamento de Logística do Ministério da Saúde e disse ter sido pressionado dentro da pasta para agilizar a aquisição da vacina indiana.
A CPI da Covid também apura denúncias de superfaturamento na aquisição do imunizante. O valor da compra foi 1.000% maior do que, seis meses antes, era anunciado pela fabricante. Outro detalhe é que a compra do imunizante foi a única para a qual houve um intermediário, a empresa Precisa, sem vínculo com a indústria de vacina.
Os senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da CPI da Covid, Fabiano Contarato e Jorge Kajuru apresentaram ao Supremo Tribunal Federal (STF) uma notícia-crime contra Jair Bolsonaro por prevaricação.