Ao lado da maioria dos países latino-americanos, o Brasil já havia manifestado preocupação acerca da movimentação militar de Washington nas Américas Central e do Sul.
Por Redação – de Brasília
No encontro nacional do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), nesta manhã, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não citou, diretamente, o presidente norte-americano, Donald Trump, mas deixou um recado claro aos EUA, em defesa de Cuba e da Venezuela, diante o aumento da pressão militar em curso, no Caribe.

— Todo mundo diz que a gente vai transformar o Brasil na Venezuela. O Brasil nunca vai ser a Venezuela, e a Venezuela nunca vai ser o Brasil, cada um será ele (próprio). O que defendemos é que o povo venezuelano é dono do seu destino, e não é nenhum presidente de outro país que tem que dar palpite de como vai ser a Venezuela ou vai ser Cuba — afirmou o presidente.
Ao lado da maioria dos países latino-americanos, o Brasil já havia manifestado preocupação acerca da movimentação militar de Washington nas Américas Central e do Sul. O pronunciamento de Lula ocorre no dia seguinte a Trump confirmar que autorizou a CIA a conduzir operações secretas na Venezuela para derrubar o governo venezuelano, em uma clara violação do direito internacional e da Carta das Nações Unidas (ONU).
Terrorismo
O presidente brasileiro também condenou a manutenção de Cuba na lista de países que patrocinam o terrorismo.
— O que nós dizemos publicamente é que Cuba não é um país de exportação de terroristas. Cuba é um exemplo de povo e dignidade — realçou.
Desde a década de 60 do século passado, os EUA tentam derrubar o sistema político de Cuba, com a aplicação de um embargo econômico e financeiro que pune empresas e embarcações que comercializem com a ilha caribenha.
No atual mandato de Trump, as medidas contra Cuba foram reforçadas, incluindo ameaças contra nações que contratam serviços médicos da ilha, uma das poucas fontes de receita do país. Cuba vive uma crise econômica com recorrentes quedas de energia.
Caracas
Já em agosto deste ano, os EUA têm enviado tropas, navios de guerra e aviões de guerra ao Caribe, com a justificativa de combater o tráfico de drogas da Venezuela. Analistas constatam que as forças armadas norte-americanas já teriam lançado seis ataques contra embarcações, e assassinado cerca de 30 pessoas.
O governo Maduro denuncia que os EUA buscam realizar uma “mudança de regime” e denunciou as ações ao Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). O interesse dos Estados Unidos na Venezuela, segundo observadores, é geopolítico, considerando que o país tem as maiores reservas de petróleo do planeta e não possui qualquer cartel produtor de drogas.
A ação de Trump na Venezuela abre um precedente perigoso que abre espaço para intervenções de Washington em outros países do continente sempre que a Casa Branca tiver seus interesses contrariados, a exemplo do que ocorreu durante toda a Guerra Fria com os apoios a ditaduras militares na região.