Cid disse à PF em seu depoimento que foi ele mesmo quem convenceu Bolsonaro a abandonar a ideia, uma vez que isso poderia trazer complicações a ele no Supremo. Procurada pela reportagem, a defesa de Bolsonaro negou as acusações.
Por Redação - de Brasília
Ex-ajudante de ordens do então mandatário neofascista Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid tem ampliado sua delação quanto aos supostos crimes cometidos ao longo do tempo em que participou do governo. Nesta terça-feira, Cid afirmou em sua delação à Polícia Federal (PF) que o ex-presidente, quando ainda morava no Palácio da Alvorada, teve a ideia de esconder na residência oficial da Presidência da República os alvos investigados por ataques antidemocráticos. O objetivo seria impedir que eles fossem presos pela PF.
Segundo apurou o portal de notícias UOL, alguns desses alvos a serem protegidos seriam o influencer bolsonarista Oswaldo Eustáquio e o youtuber Bismark Fugazza, ambos que tiveram prisão decretada no final do ano passado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Ainda segundo o portal, Cid disse à PF em seu depoimento que foi ele mesmo quem convenceu Bolsonaro a abandonar a ideia, uma vez que isso poderia trazer complicações a ele no Supremo. Procurada pela reportagem, a defesa de Bolsonaro negou as acusações.
Acordo
A defesa de Eustáquio também negou que ele tenha pedido ajuda para se refugiar no Alvorada. Não há na reportagem informações se Cid apresentou alguma prova à PF sobre o que disse aos investigadores. Em setembro, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, homologou o acordo de delação premiada do tenente-coronel, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Ele havia manifestado ao Supremo a intenção de fazer o acordo, que pode afetar o ex-presidente e pessoas de seu entorno.
A delação não pode, isoladamente, fundamentar sentenças sem que outras informações corroborem as afirmações feitas. Os relatos devem ser investigados, assim como os materiais apresentados em acordo.
Cid foi solto provisoriamente e deverá usar tornozeleira eletrônica. Ele estava preso de maneira preventiva desde maio por supostamente ter inserido dados falsos em cartões de vacinação, incluindo os de Bolsonaro e sua filha.
Golpistas
O militar de alta patente também é investigado pelo vazamento de dados sigilosos sobre a urna eletrônica e por relação nos ataques golpistas do 8 de janeiro.
A situação do tenente-coronel se agravou em agosto, quando uma operação da PF trouxe mais detalhes sobre a participação dele e do pai (o general da reserva Mauro Cesar Lourena Cid) na venda de joias presenteadas ao governo brasileiro e desviadas do acervo presidencial.
A proposta de delação de Cid foi feita no próprio gabinete de Moraes, que é relator do inquérito dos atos antidemocráticos. A defesa de Cid pediu a liberdade provisória. Antes da homologação, a polícia indicou que valeria firmar o acordo. Com a homologação, ele poderá ter pena reduzida ou negociar outras vantagens indevidas.