Rio de Janeiro, 22 de Novembro de 2024

Processo no STF arrasta família Bolsonaro para sucessão de desgastes

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Sexta, 18 de Janeiro de 2019 às 13:16, por: CdB

Até aqueles servidores mais leais presidente já admitem que o processo no STF tem tração suficiente para arrastar o governo a uma sucessão de desgastes.

 
Por Redação - de Brasília
  Uma decisão polêmica no Supremo Tribunal Federal (STF), na liminar concedida por um dos ministros, Luiz Fux, para que o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPE-RJ) suspenda as investigações ao policial militar reformado Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), abre a primeira crise institucional do governo de Jair Bolsonaro (PSL). O mal-estar gerado pela crise, junto aos eleitores do novo regime, transborda nas redes sociais.
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O ministro Marco Aurelio Mello tende a negar o pedido de Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) para que investigações contra Queiroz sejam suspensas
Nos corredores do Palácio do Planalto, até aqueles servidores mais leais ao recém-empossado presidente já admitem que o processo aberto no STF tem tração suficiente para arrastar o governo a uma sucessão de desgastes. Uma série de argumentos diversionistas e a tentativa óbvia de deter o processo que apura a movimentação inconsistente de mais de R$ 1,2 milhão ao longo de 12 meses, na conta de Queiroz, agravam as suspeitas que recaem sobre a família Bolsonaro. Mesmo sem constar, oficialmente, das investigações do MPE-RJ, Flávio Bolsonaro pediu ao STF a suspensão das apurações sobre seu ex-empregado. E foi atendido por Fux, ainda que em caráter liminar e com tempo de validade. No regresso das férias, o relator do processo, ministro Marco Aurelio Mello já deixou antever que rejeitará o pedido.

Investigação

Ao conceder a liminar, o ministro Luiz Fux, do STF, disse que deferia a solicitação do senador eleito "até que o relator da presente reclamação (Marco Aurélio) se pronuncie quanto ao pedido de avocação do procedimento e de declaração de ilegalidade das provas que o instruíram”. A aliados de Bolsonaro, consultores jurídicos têm afirmado que o futuro senador demonstrou que teme a investigação no MP. Na tentativa de minimizar os efeitos da medida legal, a assessoria do parlamentar diz, em nota, que a solicitação foi feita tendo em vista "nulidades diversas, como a quebra dos sigilos bancário e fiscal do senador para fins de investigação criminal, sem autorização judicial". Os ministros do campo político ainda tentam afastar a família Bolsonaro de Fabrício Queiroz, mas a tarefa tem ficado mais difícil, à medida que o tempo passa. Vice-presidente da República e primeiro na linha de sucessão do governo, o general Hamilton Mourão afirma que Queiroz precisava esclarecer os depósitos feitos na conta dele. — Acho que o problema é o Queiroz. — disse o vice-presidente, a jornalistas.

Ao lixo

Mourão, no entanto, prefere ainda manter alguma distância dos acontecimentos. — Não vou me meter, não vou comentar. Vou aguardar esclarecer — acrescentou. Chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), o general Augusto Heleno Ribeiro segue na mesma linha. Ele chegou a afirmar que as explicações dadas por Queiroz careciam de mais “consistência". Para um dos ministros da Suprema Corte, que falou reservadamente à jornalista Mônica Bergamo, do diário conservador paulistano Folha de S. Paulo, “a situação de Flávio Bolsonaro se agrava, pois a confissão é a de que o envolvido é ele e não o motorista. Outros ministros afirmaram que, se a questão for aberta no STF, o presidente Jair Bolsonaro também será investigado”. Em público, no entanto, o ministro Marco Aurélio Mello foi direto quanto à questão. — Já na sexta-feira, pela manhã, assinarei decisão - sexta, dia primeiro de fevereiro. O Supremo não pode variar, dando um no cravo outro na ferradura. Processo não tem capa, tem conteúdo. Tenho negado seguimento a reclamações assim, remetendo ao lixo — afirmou.

Desgaste

No Parlamento, onde o partido do governo detêm uma bancada numerosa, o líder do PSL na Câmara, Delegado Waldir (GO), defendeu a prerrogativa do senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) de recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF). Waldir declarou que ninguém, nem mesmo Jair Bolsonaro, “vai passar a mão na cabeça” de Flávio se houver alguma conduta criminosa. — Se o Flávio é responsável por alguma conduta equivocada, errada, criminosa, ele tem que responder por isso, ninguém vai passar a mão na cabeça dele. Quem erra paga o preço pelo seu erro — disse. Já o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, acredita que o presidente Jair Bolsonaro não passa de uma "vítima" de um processo de tentativa de desgaste. Depois de afirmar que uma arma pode ser tão perigosa quanto um liquidificador, Lorenzoni agora pede “cautela" no caso que envolve a família do presidente e o ex-assessor.
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