Rio de Janeiro, 22 de Novembro de 2024

Primeiro-ministro assume a presidência do Sri Lanka

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Sexta, 15 de Julho de 2022 às 09:47, por: CdB

Ranil Wickremesinghe disse que vai buscar restaurar a ordem e fortalecer o Parlamento do país. Sri Lanka vive grave crise econômica e social. País está em estado de emergência após fuga do presidente anterior.

Por Redação, com DW - de Colombo

Após a confirmação da renúncia de Gotabaya Rajapaksa na quinta-feira, o Sri Lanka tem um novo presidente. De forma interina, o primeiro-ministro Ranil Wickremesinghe assumiu o cargo após prestar juramento à constituição nesta sexta. Na próxima quarta, o país do sul asiático deverá escolher um novo mandatário.
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De forma interina, o primeiro-ministro Ranil Wickremesinghe assumiu o cargo
Wickremesinghe anunciou que pretende governar colocando a lei e a ordem em prática, além de repassar mais poderes ao parlamento do Sri Lanka. Desde o início de abril, o país vem sofrendo com protestos violentos devido a uma grave crise econômica. Os manifestantes, que pediam a renúncia de Rajapaksa, invadiram o palácio presidencial na capital Colombo no último final de semana. O ex-presidente fugiu na quarta-feira para as Maldivas e, um dia depois, voou para Singapura com a família. No sábado, após a invasão do palácio, ele disse que renunciaria. Wickremesinghe, o presidente interino, também foi alvo da ira dos manifestantes, que igualmente pediam sua retirada do cargo de primeiro-ministro: sua residência foi incendiada, e o seu escritório, invadido no final de semana. Mesmo assim, o partido governista do qual ele e o ex-presidente fazem parte, o Podujana Peramuna (Frente Popular), nomeou o político para assumir a presidência. – A partir de agora, vamos nomear constitucionalmente um novo presidente. Acontecerá rapidamente e com sucesso. Peço a todos que apoiem esse processo – disse o porta-voz do partido, Mahinda Yapa Abeywardena, depois de ter recebido a carta de demissão de Rajapaksa na noite anterior.

Ceticismo e incertezas

Além de tentar reprimir possíveis novas insurreições populares, o novo presidente buscará um acordo por um governo multipartidário. Em um pronunciamento na televisão, ele afirmou que tomaria medidas constitucionais para reduzir os poderes presidenciais e fortalecer o parlamento, uma das exigências dos manifestantes. – Essa mudança pode ser complementada pelo novo presidente, assim que for eleito, na próxima semana – disse Wickremesinghe. A Ordem dos Advogados do Sri Lanka apelou ao legislativo para assegurar que a eleição do sucessor de Rajapaksa seja realizada sem atrasos ou adiamentos. Em comunicado, o órgão afirmou que "os membros do parlamento devem fazer tudo o que estiver ao seu alcance para evitar que o Sri Lanka mergulhe em mais caos e possa restaurar a estabilidade social, política e econômica". O principal candidato da oposição à presidência é Sajith Premadasa, enquanto a terceira via tem a candidatura do deputado Dullas Alahapperuma. Para o diretor executivo do Centro de Pesquisa de Alternativas Políticas do Sri Lanka, Paikiasothy Saravanamuttu, mesmo com um novo presidente, os protestos não devem parar. À Deutsche Welle, ele disse acreditar que as tensões continuarão quando os parlamentares empossarem os novos primeiro-ministro e presidente na próxima semana.

Crise econômica e protestos

O estopim da crise política no Sri Lanka ocorre após meses de protestos no país insular, que enfrenta uma das piores crises econômicas desde a sua independência, em 1948, com escassez de alimentos, remédios e combustível, além de apagões e inflação galopante – 54% no mês passado, com o Banco Central alertando que esse índice pode chegar a 70% nos próximos meses. A tensão e o descontentamento aumentaram na ilha no final de março, quando as autoridades impuseram cortes de energia de mais de 13 horas, o que levou a população a sair às ruas para exigir a demissão do governo. O Sri Lanka deixou de pagar uma dívida externa de 51 bilhões de dólares e está em negociações de resgate com o Fundo Monetário Internacional (FMI), o que desvalorizou a moeda e levou o país a ficar sem divisas estrangeiras para importar bens vitais.
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