Rio de Janeiro, 05 de Dezembro de 2025

Fachin assume a Presidência do STF em momento político delicado

Edson Fachin toma posse como presidente do STF buscando distensionar relações políticas e promover diálogo, sem abrir mão da legalidade democrática.

Domingo, 28 de Setembro de 2025 às 16:22, por: CdB

O magistrado tende a buscar o distensionamento das relações políticas em torno da corte e reduzir os questionamentos sobre sua atuação, argumentando que o STF deve se manter fiel à razão jurídica

Por Redação – de Brasília

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin assume a Presidência da Corte, nesta segunda-feira, em um momento delicado da política nacional, mas com foco na redução das tensões entre os Poderes da República. Defensor da autocontenção do Judiciário, Fachin visa evitar protagonismo político, ampliar o diálogo entre ministros e promover a inclusão junto à sociedade, mas sem abrir mão da legalidade democrática.

Fachin assume a Presidência do STF em momento político delicado | O ministro Edson Fachin assume o STF com seu estilo discreto
O ministro Edson Fachin assume o STF com seu estilo discreto

O magistrado tende a buscar o distensionamento das relações políticas em torno da corte e reduzir os questionamentos sobre sua atuação, argumentando que o STF deve se manter fiel à razão jurídica, sem se tornar protagonista da polarização política.

Ao completar sua primeira década no STF, Fachin reafirma sua máxima: “Ao direito o que é do direito, à política o que é da política”. O ministro já havia usado essa expressão em ocasiões anteriores, como na solenidade de 8 de janeiro de 2025, quando representou o então presidente do STF, Luís Roberto Barroso, e defendeu o papel da corte na proteção da democracia sem protagonismo político.

 

Sem festa

Seu estilo discreto, semelhante ao da ex-ministra Rosa Weber, Fachin evita entrevistas e manifestações públicas fora dos autos. Recusou festas patrocinadas por entidades jurídicas para sua posse, optando por uma cerimônia simples com água e café. Em discursos recentes, reforçou que o direito deve resistir à tentação de aderir a ideologias e que o Congresso é o espaço legítimo para o embate democrático.

Apesar de ataques bolsonaristas e sanções impostas por Donald Trump, Fachin propõe um Supremo que não substitua a arena política, preservando a legitimidade institucional. E também destaca o papel do Tribunal na inclusão de grupos minoritários e na resistência à cristalização de privilégios, propondo uma democracia em rede com outras instituições fiscalizadoras.

Nos bastidores, há sinais de abertura ao diálogo com a oposição. Fachin votou com André Mendonça e Kassio Nunes Marques no julgamento sobre o Marco Civil da Internet, em defesa da liberdade de expressão e alertando para riscos de censura — temas caros à direita. Embora vencida, essa corrente minoritária mostrou sensibilidade às pautas conservadoras.

 

Respeito

Considerado um juiz de perfil institucional, Fachin começou a planejar sua gestão com discrição, convidando colaboradores apenas no segundo semestre, em respeito ao antecessor. Ele não é visto como articulador político, papel que cabe a Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes, figuras centrais nas relações entre o STF e os demais Poderes.

Entre suas metas internas, Fachin pretende estimular o diálogo entre os ministros, com almoços regulares para facilitar consensos em julgamentos complexos. Também quer retomar a previsibilidade da pauta, prática iniciada por Dias Toffoli, mas abandonada devido à imprevisibilidade dos processos e pedidos de vista.

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