Presidente neofascista chama coronel Ustra de 'herói nacional'
O coronel do Exército Carlos Alberto Brilhante Ustra, citado por Jair Bolsonaro, é apontado pela Comissão da Verdade como responsável por 47 sequestros e homicídios. A afirmação de Bolsonaro foi feita nesta quinta-feira, mesma data em que ele recebe a viúva do militar, Maria Joseíta Silva Brilhante Ustra.
O coronel do Exército Carlos Alberto Brilhante Ustra, apontado pela Comissão da Verdade como responsável por 47 sequestros e homicídios.
Por Redação, com Agências - de Brasília
O presidente Jair Bolsonaro chamou de “herói nacional” o coronel do Exército Carlos Alberto Brilhante Ustra, apontado pela Comissão da Verdade como responsável por 47 sequestros e homicídios, além de ter atuado pessoalmente em sessões de tortura durante o regime. A afirmação de Bolsonaro foi feita nesta quinta-feira, mesma data em que ele recebe a viúva do militar, Maria Joseíta Silva Brilhante Ustra.
Com o seu elogio a Ustra, Bolsonaro voltou a negar fatos e documentos oficiais
“Ela tem um coração enorme. Eu sou apaixonado por ela. Não tive muito contato, mas tive alguns contatos com o marido dela enquanto estava vivo. Um herói nacional que evitou que o Brasil caísse naquilo que a esquerda hoje em dia quer”, afirmou Bolsonaro.
Ainda segundo ele, Joseíta “é uma mulher que tem histórias maravilhosas para contar das presidiárias de São Paulo, envolvidas com a guerrilha. Tudo o que ela fez no tocante ao bom tratamento a elas, no tocante a enxoval, dignidade, parto. E ela conta uma história bem diferente daquela que a esquerda contou para vocês”.
Com o seu elogio a Ustra, Bolsonaro voltou a negar fatos e documentos oficiais, como fez recente no episódio em que negou documentos oficiais para afirmar que Fernando Cruz, pai do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, teria sido assassinado por militantes de esquerda e não após ter sido preso por agentes da ditadura.
Uma das declarações mais polêmicas de Bolsonaro citando Ustra aconteceu em abril de 2016, durante a votação do impeachment de Dilma Rousseff na Câmara, onde o então deputado federal disse que o coronel é o "pavor de Dilma Rousseff".
O coronel Ustra chefiou o Destacamento de Operações de Informações, o DOI-CODI, entre setembro de 1970 e janeiro de 1974.O DOI-CODI era um dos principais órgão e repressão utilizados pela ditadura. Segundo o Levantamento Brasil Nunca Mais, relatório final da Comissão da Verdade Ustra teria participado pessoalmente de sessões de tortura contra opositores do regime como os militantes maria Amélia de Almeida Teles, a Amelinha e seu marido César Augusto Teles, além do deputado Adriano Digo, entre outros.
Comissão da Verdade
No início de agosto, Bolsonaro e a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, assinaram decreto publicado nesta quinta-feira que substitui quatro dos sete membros da Comissão sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, colegiado que trata sobre período que engloba a ditadura militar do Brasil.
A mudança promovida por Bolsonaro ocorreu após o colegiado declarar que a morte de Fernando Santa Cruz Oliveira, pai do atual presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, e desaparecido durante a ditadura militar na década de 1970, foi causada pelo Estado brasileiro.
Bolsonaro declarou publicamente que poderia dizer a Santa Cruz como se deu a morte de seu pai, o que levou o advogado a interpelar o presidente da República no Supremo Tribunal Federal para esclarecer se efetivamente tem as informações que diz ter.