Rio de Janeiro, 20 de Março de 2025

Porta-voz do golpe, Braga Netto é questionado por cientista político

O general também foi mencionado pela mídia por ter deixado oficialmente a assessoria da Presidência onde estava alocado desde que deixou o Ministério da Defesa, em março. Ele deve ser o vice na chapa do presidente Jair Bolsonaro (PL) à reeleição e um dos coordenadores da campanha, junto com o filho ’01’, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).

Sábado, 02 de Julho de 2022 às 12:14, por: CdB

O general também foi mencionado pela mídia por ter deixado oficialmente a assessoria da Presidência onde estava alocado desde que deixou o Ministério da Defesa, em março. Ele deve ser o vice na chapa do presidente Jair Bolsonaro (PL) à reeleição e um dos coordenadores da campanha, junto com o filho ’01’, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).

Por Redação, com RBA - de São Paulo
O general Walter Braga Netto foi notícia duas vezes ao longo de um único dia, na véspera, ambas relacionadas à eleição de outubro. Primeiro, com a revelação de uma fala do militar a empresários, aos quais ele teria repetido o mantra do chefe, Jair Bolsonaro, de que sem auditoria dos votos “não tem eleição”. A ameaça teria sido feita na sexta-feira passada e teria “constrangido” os executivos presentes.
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Interventor federal na segurança pública do Rio de Janeiro, general Walter Braga Netto é uma opção de Bolsonaro para a chapa à reeleição
O general também foi mencionado pela mídia por ter deixado oficialmente a assessoria da Presidência onde estava alocado desde que deixou o Ministério da Defesa, em março. Ele deve ser o vice na chapa do presidente Jair Bolsonaro (PL) à reeleição e um dos coordenadores da campanha, junto com o filho ’01’, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). Embora negada, sob alegação de que foi tirada do contexto, a nova ameaça de Braga Netto é apenas mais uma das incontáveis desde 2019, proferidas principalmente pelo chefe de governo. No sábado passado, Bolsonaro subiu o tom. Em evento religioso em Balneário Camboriú (SC), disse ter um “exército que se aproxima das 200 milhões de pessoas”. Prometeu que, “se preciso for – e cada vez mais parece que será preciso –, nós tomaremos as decisões que devam ser tomadas”.

Suspense

Bolsonaro está permanentemente blefando, ameaçando com uma força que não tem? Existe risco de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, caso vença a eleição, os atuais ocupantes do Palácio do Planalto se recusarem a entregar o poder, repetindo a tentativa de golpe de Donald Trump nos Estados Unidos em 6 de janeiro de 2021? Para o cientista político João Roberto Martins Filho, professor aposentado da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar), a situação de insegurança que tais falas plantam na sociedade se devem em grande parte ao silêncio dos militares que, supostamente, seriam contra esses arroubos antidemocráticos, mas nada dizem. — A gente fica sem saber o que está acontecendo. Eles não tranquilizam o país, nem vão tranquilizar tão cedo. Suspense é parte da estratégia militar — afirmou.

Golpe

Para Martins Filho, a ameaça ao sistema democrático brasileiro, nas palavras do general, é grave. — Partindo de um general que ocupou o ministério da Defesa, é sério. O problema é que a gente não sabe que tipo de respaldo (uma tentativa de golpe) teria no alto comando, do Exército principalmente. Bolsonaro vai colocar Braga Netto como vice com segundas intenções, para ter uma figura do Exército na chapa. Mas, entre aqueles militares que não seriam tão comprometidos com Bolsonaro quanto Braga Netto, alguém que poderia ter alguma ressalva a essa possibilidade de golpe, ninguém se manifesta — concluiu.
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