Líderes do bloco têm dito, nos bastidores, que a queda na popularidade do presidente estimula ajustes imediatos na equipe ministerial. E alimentam a expectativa de Lula acelere as mudanças, achando que assim poderá reequilibrar a base aliada.
Por Redação – de Brasília
Diante da surpresa causada pelo resultado da última pesquisa do Instituto DataFolha, o núcleo político do Palácio do Planalto prepara uma reação, ainda que tardia, à rejeição causada por uma campanha sem trégua da mídia conservadora, apoiada pelas forças de ultradireita nas redes sociais. Os números reforçam o movimento do chamado ‘Centrão’ para a urgência de uma reforma ministerial capaz de render mais espaço para o conjunto de legendas do campo da direita.

Líderes do bloco têm dito, nos bastidores, que a queda na popularidade do presidente estimula ajustes imediatos na equipe ministerial. E alimentam a expectativa de Lula acelere as mudanças, achando que assim poderá reequilibrar a base aliada e fortalecer o governo para enfrentar os desafios do ano.
Reação
Ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, no entanto, minimiza a repercussão negativa da pesquisa e afirma que o presidente tem plena condição de reagir e promover ajustes necessários.
— Lula tem força para reagir e mexer no que for preciso — disse Padilha a jornalistas, nesta segunda-feira, ao reforçar que o governo está atento às demandas do Congresso e da sociedade.
Padilha refere-se a um plano de reação diante da queda na popularidade do governo, que se inicia com um pacote de anúncios que envolvem medidas sociais para contornar a inflação e uma ofensiva nas redes sociais contra os ataques da oposição.
Baixa renda
A ideia do governo é recuperar a popularidade do eleitorado que deixou de avaliar a gestão de Lula como ótima ou boa. Segundo os últimos levantamentos, a queda também ocorreu entre eleitores de baixa renda no Norte e no Nordeste, tradicional base de apoio do presidente.
Integrantes do governo já trabalham no desenvolvimento de políticas públicas para diminuir o preço dos alimentos, remédios e materiais de construção. Além disso, programas devem oferecer linhas de crédito mais baratas para microempreendedores, em um esforço para superar a alta da taxa de juros.
Na comunicação, a estratégia envolve colocar a equipe ministerial mais em evidência para defender o presidente, principalmente os ministros de centro. A ideia é tentar “furar a bolha” petista e fazer com que as políticas públicas cheguem também ao eleitorado moderado, que não segue perfis de esquerda.
Imagem
Para as redes sociais, influenciadores progressistas devem produzir conteúdos em defesa do governo. Lula deve receber esses influenciadores no Palácio do Planalto para a produção de conteúdos em conjunto, para defender medidas como o aumento da gratuidade do Farmácia Popular e o controle da tarifa de importação.
Lula também tem sido aconselhado a retomar as chamadas “caravanas da cidadania”, realizadas por ele nos anos 90. Viagens pelo interior do país ajudariam a popularizar a imagem do presidente e ganhar apoio junto ao eleitorado de baixa renda.
Nessas caravanas, Lula irá acompanhado de líderes locais, tanto de esquerda quanto de centro. Na viagem do presidente a Macapá, na semana passada, quando foi acompanhado do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), o novo modelo já foi aplicado.