A proposta da legenda de ultradireita tem gerado uma série de críticas internas, por parte do governo, junto aos líderes dos partidos aliados que apoiam a urgência do projeto.
Por Redação – de Brasília
O PL se adiantou e, na tarde desta segunda-feira, protocolou o Projeto de Lei (PL) que concede anistia ao ex-mandatário neofascista Jair Bolsonaro (PL) e seus cúmplices, no golpe de Estado fracassado do 8 de Janeiro. O movimento ocorre após o núcleo político do governo iniciar uma investida estratégica junto aos mais de 100 deputados da base governista que assinaram a proposta de urgência para a matéria.

A proposta da legenda de ultradireita tem gerado uma série de críticas internas, por parte do governo, junto aos líderes dos partidos aliados que apoiam a urgência do projeto. Diante a tensão crescente, ministros têm dito ser “inconcebível” que parlamentares da base aliada, com cargos no governo em variados escalões, apoiem a votação da urgência para o texto que, segundo observam, poderia livrar de responsabilidades aqueles que; além da tentativa de derrubada do governo, planejaram a morte do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), seu vice, Geraldo Alckmin (PSB) e o então ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes.
As negociações, em curso, objetivam a retirada dessas assinaturas antes que a questão seja votada. O apoio de mais de uma centena de deputados da base à proposta causou indignação, no círculo de poder do presidente. Parcela majoritária do PT propõe uma atitude mais agressiva do governo, sugerindo que parlamentares que continuem apoiando a proposta de anistia percam os cargos indicados no primeiro, segundo e terceiro escalões. A pressão é dirigida àqueles que não têm uma ligação clara com a ultradireita, mas ainda assim atenderam ao pedido de Bolsonaro.
Urgência
O governo, segundo apurou a mídia conservadora, objetiva retirar o maior número possível de assinaturas até a semana que vem, quando ocorrerá a reunião do colégio de líderes da Câmara, marcada para o feriado de Tiradentes, no dia 21 de abril. Na oportunidade, o líder do PL na Casa, Sóstenes Cavalcante (RJ), tem a intenção de colocar para apreciação dos líderes partidários a urgência da anistia, para votação em Plenário.
Com mais de 257 assinaturas já obtidas, o requerimento de urgência já superou o número mínimo necessário para ser discutido no plenário da Câmara. Segundo cálculos do PL, são 265 assinaturas, das quais mais de 115 vêm de deputados de partidos que fazem parte da base do governo Lula, como MDB, União Brasil, PP, PSD e Republicanos. Todos esses partidos têm apoio no governo e integram ministérios na Esplanada.
Equilíbrio
O PL da Anistia conta, ainda, com a adesão de deputados de siglas que ocupam cargos em escalões menores no governo, como o Podemos, que indicou o presidente da Geap, a operadora de planos de saúde que atende servidores públicos, aposentados e seus familiares.
A sobreposição dos fatos tem levado ao aumento das discussões dentro do governo Lula, que agora busca um equilíbrio entre a manutenção de sua base aliada e o fortalecimento da posição contra a anistia aos envolvidos nos ataques golpistas. Uma das alternativas, segundo indicaram alguns integrantes do núcleo político, será a retirada de um número suficiente para impedir que a matéria avance, sem precisar envolver todos os signatários que integram a base governista.