Sob determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, as ações de busca e apreensão estão sendo realizadas nos Estados do Ceará, Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.
Por Redação, com ANSA e a - de Brasília
A Polícia Federal está fazendo uma operação nesta terça-feira contra os empresários bolsonaristas que defenderam dar um golpe de Estado no caso de Luiz Inácio Lula da Silva sair vencedor das eleições presidenciais de outubro.
Sob determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, as ações de busca e apreensão estão sendo realizadas nos Estados do Ceará, Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.
Além dos mandados, Moraes também determinou o bloqueio de contas bancárias e nas redes sociais dos envolvidos e a quebra do sigilo bancário. Os envolvidos também precisarão prestar depoimento sobre as denúncias.
A conversa do grupo de empresários que apoiam o presidente Jair Bolsonaro foi revelada na última semana pelo site Metrópoles.
Golpe
Nela, os participantes estavam defendendo um golpe no caso de derrota do atual mandatário, como indicam as diversas pesquisas eleitorais divulgadas.
Nos debates, estavam Luciano Hang, dono da Havan, Afrânio Barreira, dono do Grupo Coco Bambu, José Isaac Pereira, dos shoppings Multiplan, José Koury, do World Barra Shopping, Marco Aurélio Raymundo, da Mormaii, Meyer Joseph Nigri, da Tecnisa, Luiz Andre Tissot, do Grupo Sierra, e Ivan Wrobel, dono da W3 Engenharia.
Operação policial
A autorização judicial e a operação policial ocorrem sete dias após o site Metrópoles noticiar que, em mensagens trocadas no grupo de WhatsApp denominado Empresários & Política, os alvos da operação questionavam a segurança das urnas eletrônicas e a lisura do processo eleitoral brasileiro, além defender medidas inconstitucionais e mesmo um eventual golpe de Estado.
O empresário Luciano Hang confirmou, em suas redes sociais, que é um dos alvos da ação da Polícia Federal (PF). “Hoje, fui tratado novamente como um bandido! Estava trabalhando, às 6h da manhã, na minha empresa, quando a Polícia Federal chegou, claramente constrangidos. Uma matéria fora de contexto e irresponsável me colocou nessa situação. Por causa dela, uma narrativa e uma mentira foram criadas”, escreveu Hang antes de assegurar que nunca defendeu um golpe de Estado. “Sempre defendi a democracia, a liberdade de expressão e opinião. Estou tranquilo, porque não tenho nada a temer e estou com a verdade ao meu lado”, acrescentou o empresário, revelando uma preocupação: “Corro o risco de perder minhas redes mais uma vez. Um absurdo, baseado em uma informação distorcida e falsa”.
O empresário Afrânio Barreira Filho, da Coco Bambu, divulgou nota em que afirma estar “absolutamente tranquilo”. “Minha única manifestação (no grupo de WhatsApp) sobre o assunto foi um emoji (o desenho de um rapaz aplaudindo os comentários de outros integrantes do grupo) sinalizando a leitura da mensagem (anterior), sem estar endossando ou concordando com seu teor”, comentou, garantindo confiar na Justiça e ser favorável à democracia brasileira. “Nunca defendi, verbalizei, pensei ou escrevi a favor de qualquer movimento antidemocrático ou de “golpe”. Assim, sou a favor da liberdade, democracia e de um processo eleitoral justo.”
A representante jurídica da Mormaii, Luana Aguiar, confirmou que Morongo é um dos oito alvos da operação da PF, que o “contatou” esta manhã. “Ainda desconhecemos o inteiro teor do inquérito, mas ele [Raymundo] se colocou e segue à disposição de todas as autoridades para prestar os esclarecimentos.”
Em nota, a defesa de Ivan Wrobel classifica como falsa a afirmação de que o empresário defende um golpe de Estado e sustenta que ele teve sua honra e credibilidade abaladas “simplesmente por participar de um grupo de WhatsApp". “Descendente de uma família polonesa judia, o senhor Ivan sempre soube o perigo que ditaduras podem causar. Cumpre ressaltar que, em 1968 (durante o regime militar), quando aluno do IME (Instituto Militar de Engenharia), foi convidado a se retirar da instituição por ter se manifestado contrário ao AI-5 (Ato Institucional nº 5)”, acrescenta a defesa.
A assessoria de Luiz André Tissot informou que, por ora, ele não se manifestará sobre o tema.
À Agência Brasil também entrou em contato com funcionários da Multiplan, do Barra World Shopping e da Tecnisa a fim de obter as manifestações de seus executivos e aguarda pelas respostas.
Em nota, a Polícia Federal confirmou estar cumprido os mandados expedidos por Moraes, mas não informou os nomes dos alvos das ações de busca e apreensão por tratar-se de um inquérito sigiloso. A assessoria do STF se limitou a confirmar a decisão de Moraes, sem fornecer detalhes.