O conteúdo das mensagens indica que o valor movimentado mensalmente pelo CV financia despesas como pagamento de advogados, aquisição de armas e drogas, além da manutenção de casas de apoio.
Por Redação, com Agenda do Poder – do Rio de Janeiro
A Polícia Federal obteve, em meio a investigações sobre o Comando Vermelho (CV), planilhas que detalham o fluxo de caixa da facção em fevereiro de 2024, com registros que somam R$ 13.872.003,00, segundo reportagem do diário conservador carioca O Globo. Os dados foram extraídos de uma troca de mensagens entre Edgar Alves Andrade, o Doca, chefe do tráfico no Complexo da Penha e um dos criminosos mais procurados do Estado, e Arnaldo da Silva Dias, o Naldinho, integrante do alto comando da facção e atualmente preso no Complexo de Gericinó, zona oeste do Rio.
O conteúdo das mensagens indica que o valor movimentado mensalmente pelo CV financia despesas como pagamento de advogados, aquisição de armas e drogas, além da manutenção de casas de apoio em cidades que abrigam presídios federais, como Mossoró, Catanduvas, Campo Grande e Brasília. As planilhas apontam, por exemplo, R$ 55 mil destinados a advogados, R$ 39 mil para a compra de “30 kg de mato” (maconha) e até R$ 280 gastos com uma cafeteira.
Entre os valores de entrada, constam mais de R$ 1 milhão obtidos com a venda de entorpecentes como “pó, mato e skank” e R$ 168 mil provenientes de “fortalecimento”, repasses feitos por líderes de favelas controladas pela facção, como Manguinhos e Guandu, ao caixa central da organização.
As mensagens foram interceptadas em um momento de ampla investigação da PF sobre a estrutura financeira e operacional do CV. Naldinho, um dos interlocutores de Doca, está preso na Penitenciária Gabriel Ferreira Castilho (Bangu 3) e integra o Conselho Permanente da facção, um colegiado formado por chefes do tráfico que define estratégias e autoriza ações da organização criminosa.
Tribunal de Justiça do Rio
Em razão do poder que continua exercendo de dentro da prisão, a PF solicitou à Justiça, em novembro de 2023, a transferência de Naldinho para um presídio federal. A Polícia Civil reforçou o pedido em fevereiro deste ano, e o Ministério Público manifestou-se favoravelmente. Até o momento, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro ainda não decidiu sobre o caso.
A defesa de Naldinho não foi localizada pela reportagem. Nos autos do processo, no entanto, os advogados alegaram que “não há como identificar a pessoa que se utilizou da linha telefônica” usada nas conversas interceptadas e sustentaram que “não há conduta praticada pelo apenado capaz de incluí-lo no sistema penitenciário federal”.
