O mundo, no geral, segundo Haddad, “está devendo para si mesmo horizontes emancipatórios”. Enquanto isso não acontece, ressalta o ministro, os “palhaços tomam conta do picadeiro”.
Por Redação – de São Paulo
Ministro da Fazenda, o economista Fernando Haddad afirmou, nesta quinta-feira, que a esquerda brasileira não tem um projeto de futuro e que isso é um dos fatores que implicam no surgimento de “personagens” da extrema direita brasileira.
— Quando você não tem um sonho, um horizonte utópico que guia as pessoas, você tem um horizonte distópico. E a extrema direita é distópica — afirmou Haddad, em uma entrevista ao diário conservador paulistano Folha de S. Paulo.
O mundo, no geral, segundo Haddad, “está devendo para si mesmo horizontes emancipatórios”. Enquanto isso não acontece, ressalta o ministro, os “palhaços tomam conta do picadeiro”.
— Os clowns (palhaços, em inglês) tomam conta do picadeiro. E começam a surgir esses movimentos que assustam. E nos perguntamos: ‘De onde saiu essa pessoa? De onde saiu esse sujeito? Como é que essa pessoa tem 30% dos votos?’ — questionou, acrescentando que não se refere especificamente ao influenciador Pablo Marçal (PRTB), que alcançou 28,4% dos votos válidos no primeiro turno em São Paulo, mas sim ao “contexto histórico em que isso se torna possível”.
Comunicação
Possível sucessor do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), nas próximas eleições ao Planalto, Haddad citou as redes sociais como propulsoras do surgimento de “personagens” como Marçal, comparando o fato de as pessoas ainda não dominarem e terem “expertise para elaborar” o uso desse novo meio de comunicação com o surgimento do rádio no século passado.
Sobre a possibilidade de o PT, por meio da candidatura de Guilherme Boulos (PSOL) e da vice Marta Suplicy (PT), não sair vitorioso da eleição paulistana, Haddad afirma que “tinha muita esperança de que as coisas fossem andar bem”, considerando o resultado eleitoral de 2022 em que o presidente Lula e ele próprio, concorrendo a governador de São Paulo, venceram nas urnas da capital, bem como a uma “perspectiva econômica melhor” de dois anos para cá.
O ex-prefeito avalia que o fato de a cidade ter o maior orçamento de sua história – relembrando a renegociação da dívida com a União feita em sua própria gestão, entre 2013 e 2016 –, somado ao alto déficit produzido pela atual administração e “vistas grossas dos órgãos de controle para obras feitas sem licitação” tornaram o cenário “fácil” para o atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB), que concorre à reeleição, sem citá-lo nominalmente.
Apoio
Ainda sobre as eleições paulistanas, Haddad elogiou a deputada federal Tabata Amaral (PSB), qualificando-a como “ótima” e afirmando que a candidata, que recebeu 9,91% dos votos válidos, declarou apoio a Boulos sem “negociar nada”.
— Ela tem tido uma postura o tempo todo muito legal, muito interessante — concluiu.