A nomeação de Pinto, que era assessor legislativo na liderança do PL na Câmara dos Deputados e é considerado homem de confiança do presidente do partido, Valdemar da Costa Neto, deixa o governo de Bolsonaro exposto, junto à opinião pública, para a qual sempre sinalizou ser contra o ‘toma lá, dá cá’.
Por Redação - de Brasília
O governo do presidente Jair Bolsonaro nomeou, nesta segunda-feira, o assessor do PL, Garigham Amarante Pinto, para a diretoria Ações Educacionais do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Trata-se da tentativa de formar uma base no Congresso, com integrantes do chamado ‘Centrão’, que reúne parlamentares venais, interessados em cargos públicos.
A nomeação de Pinto, que era assessor legislativo na liderança do PL na Câmara dos Deputados e é considerado homem de confiança do presidente do partido, Valdemar da Costa Neto, deixa o governo de Bolsonaro exposto junto à opinião pública, para a qual sempre sinalizou ser contra o ‘toma lá, dá cá’, que caracteriza esse grupo político.
Dos órgãos negociados com o ‘Centrão’ — que incluem cargos no Banco do Nordeste, Funasa, Porto de Santos, Incra, DNIT, entre outros — o FNDE tem o maior orçamento, R$ 29,4 bilhões. É o órgão responsável por programas como distribuição de livros didáticos e merenda escolar.
Impeachment
Ameaçado pela investigação sobre interferência na Polícia Federal e sem base no Congresso, Bolsonaro intensificou nas últimas semanas as conversas com os partidos do ‘Centrão’. Em troca de cargos no governo, partidos como PP, PSD, PL, Republicanos e PTB, entre outros, vêm negociando apoio a Bolsonaro. Desde o início do mês, essa é a terceira nomeação para agraciar os novos aliados.
O primeiro nomeado foi Fernando Marcondes de Araújo Leão como diretor-geral do Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (DNOCS), indicado pelo Avante de comum acordo com o senador Ciro Nogueira (PI), presidente do PP. Em seguida, Tiago Pontes Queiroz, indicado pelo Republicados, foi colocado como Secretário Nacional de Mobilidade e Desenvolvimento Regional do Ministério do Desenvolvimento Regional.
Sem uma base parlamentar, Bolsonaro poderá ser alvo de um pedido de impeachment na Câmara, e perder o mandato.Na Saúde
Em outra área sensível do governo, devido à pandemia do novo coronavírus que, no Brasil, já deixa mais de 16 mil mortos, um dos nomes indicados já causa turbulência. Embora se autodenomine psiquiatra, formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o médico e coach olavista Italo Marsili, cotado pelo próprio Olavo de Carvalho e filhos do presidente para assumir o Ministério da Saúde, não tem o registro de especialidades no Conselho Federal de Medicina (CFM).
De acordo com o portal da entidade, Marsili é médico “sem especialidades registradas”, com cadastro regular desde o dia 30 de julho de 2010. No perfil do Facebook do olavista, consta que ele possui graduação e residência em psiquiatria pela UFRJ, além de mestrado pela Universidade de Navarra, na Espanha.
O médico tinha uma reunião marcada com o presidente Jair Bolsonaro, nesta tarde.