Ao lançar mão desse expediente, o governo Bolsonaro fomenta a discórdia. O deputado Julian Lemos (PSL-PB) entrou na sala de seu partido na Câmara aos berros, segundo vazou o líder do partido, o Major Vitor Hugo (PSL-GO), à mídia conservadora.
Por Redação - de Brasília
A existência do chamado ‘Orçamento paralelo’, conforme denúncia em curso no Judiciário e no Congresso, expõe o fisiologismo como principal esteio do atual governo, observa o deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP). De acordo com o também ex-ministro da Saúde, no governo da presidenta deposta Dilma Rousseff, “isso é o uso absolutamente fisiológico e político dos recursos do orçamento”.
— E muitas vezes acaba alimentando esquemas de corrupção no município, Estado ou entidades para as quais os recursos são repassados — acrescentou.
Ao lançar mão desse expediente, o governo Bolsonaro fomenta a discórdia. O deputado Julian Lemos (PSL-PB) entrou na sala de seu partido na Câmara aos berros, segundo vazou o líder do partido, o Major Vitor Hugo (PSL-GO), à mídia conservadora.
— O que vocês estão fazendo é roubo. Mas vocês não estão me roubando, estão roubando o meu estado! Não vou admitir! — protestou o parlamentar.
Revolta
Essa foi a reação do deputado ao saber que Vitor Hugo “havia feito pedidos de liberação de emendas para um grupo de deputados do partido que não o incluía. E ele não era o único preterido”, segundo o diário conservador carioca O Globo.
Em grupos de WhatsApp do partido, já se ensaiava àquele momento uma pequena revolta de parlamentares, à medida que iam descobrindo não terem sido contemplados na lista de emendas preparada pelo líder do PSL. O motivo da revolta não eram as emendas regulares, aquelas a que todo deputado tem direito (neste ano, de R$ 16 milhões por parlamentar) e que ficam registradas nos sistemas de empenho da União. A disputa se dá em torno de outra fatia das verbas, justamente o orçamento secreto.
— O governo Bolsonaro criou uma forma sigilosa de passar recursos para os deputados distribuírem pelos municípios. Cada deputado tem suas emendas individuais. No orçamento secreto, nem o Tribunal de Contas da União (TCU) consegue identificar isso — afirmou Alexandre Padilha à agência brasileira de notícias Rede Brasil Atual (RBA).
Ameaça
Agora, a Casa Civil tende a controlar a execução desse Orçamento. Na reforma ministerial que o governo está promovendo, o senador Ciro Nogueira vai assumir como ministro-chefe da Casa Civil, principal frente de articulação política do governo. Com a mão no orçamento secreto, Nogueira terá R$ 11 bilhões para repartir entre os deputados e R$ 5,8 bilhões para o Senado.
— Bolsonaro perde popularidade, a CPI avança em mostrar a corrupção no governo, e isso chega cada vez mais perto da família. Por isso, Bolsonaro resolveu reforçar as atividades secretas para garantir que os recursos possam ir para onde os deputados e senadores quiserem, e não para onde mais precisa — acrescenta Padilha.
Com a nomeação para a Casa Civil, Bolsonaro quer salvar o seu governo para continuar na presidência e ameaçando a democracia.
— Temos de pressionar o Congresso a aprovar o impeachment, porque a cada dia que ele está no governo são milhares de vidas que se perdem — conclui o parlamentar.