Ação do Gaeco e da Polícia Militar mira logística, cobranças, “tribunais do crime” e difusão ideológica da facção.
Por Redação, com CartaCapital – de São Paulo
O Ministério Público de São Paulo e a Polícia Militar deflagraram, na manhã desta sexta-feira, uma operação contra o Primeiro Comando da Capital (PCC) que resultou no cumprimento de 33 mandados de prisão temporária em 13 cidades de São Paulo e Minas Gerais. A ação integra uma investigação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), que identificou uma complexa engrenagem criminosa, distribuída em funções de logística, cobrança, difusão ideológica e execução de ordens internas.

Segundo o Gaeco, a apuração revelou que os investigados atuavam de forma estável, organizada e hierarquizada dentro da facção, envolvidos em tráfico de drogas, crimes patrimoniais e na imposição da chamada “disciplina do comando”, que estabelece regras e punições internas.
Rede criminosa atuava em múltiplas frentes
Os promotores mapearam dezenas de integrantes com papéis definidos, incluindo responsáveis por arrecadação, distribuição de ilícitos, resolução de conflitos e condução dos chamados “tribunais do crime”, instâncias paralelas usadas para julgar e punir quem viola normas do grupo. A investigação apontou ainda mecanismos de propagação ideológica e canais internos de comunicação que orientavam ações regionais.
A Operação Prisma cumpriu mandados em Franca, Cristais Paulista, Jeriquara, Altinópolis, Cravinhos, Matão, Ribeirão Preto, Ituverava, São Carlos, Patrocínio Paulista e Miguelópolis, todas no interior paulista. Em Minas, houve ações em Delfinópolis e Uberlândia. As equipes apreenderam materiais e equipamentos que devem embasar novas etapas da investigação.
Homem morre em confronto em Franca
De acordo com informações da EPTV, afiliada da TV Globo, um homem morreu baleado ao reagir à abordagem policial em Franca durante o cumprimento das ordens judiciais. A identidade não foi revelada. Não há registro de feridos entre os agentes.
O Ministério Público afirma que o avanço das investigações foi possível graças ao acesso a mensagens, áudios e dados extraídos de celulares e outros dispositivos. A decisão judicial que autorizou a operação citou a gravidade dos crimes e o risco de fuga dos investigados como fundamentos para a adoção de medidas mais rígidas, incluindo a quebra de sigilo de dados armazenados.