Marques assume com promessa de atuação "objetiva", disposição ao diálogo e “garantismo”, palavras mágicas contra a Operação Lava Jato, que anda nos calcanhares de seu filho mais velho, Flávio, senador do Republicanos-RJ.
Por Redação - de Brasília e Rio de Janeiro
Nem mesmo a posse do ministro Kassio Nunes Marques, no Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quinta-feira, foi capaz de aplacar a ira do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) com o rumo dos processos que avançam, no Judiciário, contra ele e a família. O estado de constante mau humor do mandatário já chama atenção no Palácio do Planalto.
Marques assume com promessa de atuação "objetiva", disposição ao diálogo e “garantismo”, palavras mágicas contra a Operação Lava Jato, que anda nos calcanhares de seu filho mais velho, Flávio, senador do Republicanos-RJ. Os berros do presidente também se dirigem ao Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPE-RJ).
Perseguido
A irritação do presidente tem vazado para a mídia conservadora, que relata o último acesso de raiva, em seu gabinete. O ataque de Bolsonaro ocorreu um dia depois de o MPE-RJ protocolar a denúncia contra o filho ’01’, no escândalo da “rachadinha”. A ação judicial coloca Flávio Bolsonaro na lista dos contatos com a milícia armada que age na Zona Oeste do Rio. O mandatário criticou os investigadores e repetia, à exaustão, que o primogênito é perseguido por ser seu filho, embora não seja exatamente isso que diga o inquérito em curso.
Citando fontes, o diário conservador carioca O Globo relata que o episódio aconteceu após o MP ajuizar a denúncia contra o seu filho no Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ), por crimes de peculato, organização criminosa e lavagem de dinheiro junto a Fabrício Queiroz, parceiro de milicianos cariocas.
Se não bastasse o problema com o filho mais velho, o ministro Luís Felipe Salomão, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), liberou para julgamento uma ação que pede a cassação da chapa composta pelo presidente Jair Bolsonaro e pelo vice-presidente Hamilton Mourão.
WhatsApp
O pedido, apresentado pela coligação formada por PDT e Avante nas eleições de 2018, sustenta que a chapa vitoriosa no último pleito presidencial se utilizou irregularmente da contratação de disparos em massa de mensagens via WhatsApp durante a campanha.
Salomão, que exerce também o cargo de corregedor-geral eleitoral, é o relator da ação. Com sua decisão, fica a critério do presidente do TSE, ministro Luís Roberto Barroso, a definição de uma data para a realização do julgamento.
Nesta quinta-feira, o TSE finalizou a etapa de procura por provas em outra ação apresentada por PDT e Avante. Salomão negou pedido da coligação para obter informações junto ao WhatsApp sobre as empresas suspeitas de fazer os disparos de mensagens.
Ofensas à Corte
“O WhatsApp não mais possui as informações pleiteadas, razão pela qual deixou de fazer tal indicação individualizada em sua manifestação, o que torna a providência ora solicitada inócua”, disse o corregedor na decisão.
Bolsonaro e Mourão são alvos, no total, de quatro ações que apontam irregularidades envolvendo disparos de mensagens. Elas transitavam em conjunto no TSE, mas Salomão optou por dar prosseguimento às duas apresentadas por PDT e Avante porque as duas restantes, de autoria da coligação PT/PCdoB/PROS, aguardam definição do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre compartilhamento de dados do inquérito que apura ofensas a ministros da Corte.