Outra posição cobiçada é a Presidência da Caixa Econômica Federal. Há duas semanas, parecia certo que o PP emplacaria Gilberto Occhi no cargo, mas agora o panorama é outro.
Por Redação - de Brasília
Embora as negociações entre o Palácio do Planalto e o chamado ‘Centrão’ para a entrada do grupo no governo continuem, ainda não há um acordo evidente no horizonte. O PP, por exemplo, concordou em abrir mão do Ministério do Desenvolvimento Social, que era sua primeira opção para abrigar André Fufuca (PP-MA). Contudo, a cúpula do partido não abre mão de pleitear um ministério de igual importância. Segundo um dirigente do partido, "o nosso piso é um ministério igual ao do Wellington Dias (PT)”, disse à mídia conservadora.
Outra posição cobiçada é a Presidência da Caixa Econômica Federal. Há duas semanas, parecia certo que o PP emplacaria Gilberto Occhi no cargo, mas agora o panorama é outro. O governo passou a adotar uma posição mais rígida nas negociações, mas o PP está disposto a reconsiderar a indicação de Occhi e propor o nome de uma mulher.
A intenção é promover um equilíbrio de gênero em um cenário onde a balança já pende desfavoravelmente para o lado feminino. Um importante líder do ‘Centrão’, ao ser questionado se já há uma mulher escolhida para a indicação, respondeu: "se não tem, a gente arruma”.
Reunião adiada
O ‘Centrão’ visa, ainda, obter diversas concessões do governo e, em troca, oferece os votos necessários para garantir governabilidade do governo, no Congresso; além de aprovar suas pautas. No entanto, o único que tem o poder de decisão é o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). É ele quem determinará o espaço que PP, Republicanos e União Brasil ocuparão no governo.
Lula e o presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL) chegaram a marcar uma reunião para esta tarde, mas adiaram o compromisso que debateria a reforma ministerial. A razão para o cancelamento do encontro é a falta de um acordo sobre qual o espaço disponível na Esplanada para abrigar os partidos do ‘Centrão’ e o presidente da República tampouco conseguiu chegar a um consenso em sua própria base sobre as possíveis alterações.
Um novo encontro entre Lula e Arthur Lira deverá ocorrer apenas em agosto, uma vez que o presidente da Câmara viajou para Maceió e retorna apenas no domingo, último dia de julho.
Reforma
Se as negociações com a direita permanecem indefinidas, na outra ponta o estremecimento ocorrido na base governista foi exposto, nesta tarde, em uma entrevista a jornalistas de Carlos Siqueira, presidente do PSB — com lugar na Esplanada dos Ministérios almejado pelas siglas da direita —, que discorda das mudanças propostas por Lula.
— Podemos chegar ao ponto de abrir mão de todos os cargos no governo, uma vez que o PSB não compactua com as negociações em curso. Isso, no entanto, não levará a legenda para a oposição, uma vez que continuaremos com apoio a Lula, no Congresso. Mas não foi para compor com a direita que derrotamos Bolsonaro — disse Siqueira.
Associações portuárias, por exemplo, estão preocupadas com a possível troca no Ministério dos Portos e Aeroportos, ocupado pelo PSB, e começam a se posicionar contra a saída do ministro Márcio França. O temor é de que uma eventual mudança para acomodar o ‘Centrão’ leve à falta de previsibilidade e atrase em meses discussões já pacificadas, como a prorrogação do Reporto, regime tributário que desonera investimentos no setor.
A movimentação das instituições começou na véspera, um dia após reunião do ministro com representantes de associações. Na ocasião, França foi questionado pela categoria sobre sua possível saída, que respondeu que, assim como eles, só soube da suposta troca pela imprensa.
Rumores
A mudança começou a ser considerada nos bastidores diante da previsão de que o governo deve realizar reforma ministerial no próximo mês em busca de ampliação da base no Congresso. Há entre as possibilidades levantadas a ida de Márcio França para outro ministério.
Para o presidente da Federação Nacional das Operações Portuárias (Fenop), Sérgio Aquino, embora a categoria ainda esteja encarando as informações como rumores, o momento é de “mostrar ao governo o que o setor pensa”. Para ele, uma mudança já no primeiro ano da gestão petista seria um sinal negativo sobre a falta de previsibilidade para os próximos anos.
— Toda mudança de governo é tensa, mas entendemos que a última ocorreu de forma positiva. França nomeou profissionais reconhecidos pelo mercado e assim não tivemos solavancos. O setor não tem posição contrária a nomes, mas temos posição favorável à estabilidade — resumiu Aquino.