Rio de Janeiro, 05 de Dezembro de 2025

MP pede prisão de deputado Lucas Bove por agressão à ex-mulher

Ministério Público de SP solicita prisão do deputado Lucas Bove por descumprimento de medidas protetivas em caso de violência doméstica contra Cíntia Chagas.

Sexta, 24 de Outubro de 2025 às 11:27, por: CdB

O órgão alega que ele descumpriu medidas protetivas; o parlamentar nega as acusações.

Por Redação – de São Paulo

O Ministério Público de São Paulo pediu à Justiça a prisão do deputado estadual bolsonarista Lucas Bove (PL-SP), acusado de violência doméstica contra a ex-esposa, a influenciadora Cíntia Chagas. O pedido vem depois de acusação de que o ex-deputado descumpriu medidas protetivas, o que ele nega.

MP pede prisão de deputado Lucas Bove por agressão à ex-mulher | O deputado estadual Lucas Bove (PL-SP)
O deputado estadual Lucas Bove (PL-SP)

A CartaCapital, o MPSP confirma que ofereceu a denúncia, e destacou que o caso corre em segredo de Justiça. Bove já foi alvo de pedido de cassação de mandato, mas o Conselho de Ética da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) negou e arquivou o caso no último mês de agosto.

Nas redes sociais, o parlamentar se manifestou sobre o pedido de prisão. Em seu perfil no Instagram, onde se apresenta orgulhosamente como “bolsonarista”, ele compartilhou manchete de notícia sobre a manifestação do Ministério Público e reclamou que ficou sabendo pela imprensa.

Se referindo à ex como “a outra parte”, ele criticou “a militância feminina que alcançou o poder público” e disse que foi Cíntia quem descumpriu medidas impostas pelo judiciário ao se manifestar sobre o tema. Ele segue negando que tenha agredido fisicamente a ex.

– Estou em paz, pois, além de ter a consciência limpa, confio na Justiça e tenho fé de que a juíza será justa ao analisar tanto o pedido de prisão quanto a única narrativa que permaneceu de pé (violência psicológica) – escreveu, aproveitando o foco para tecer loas a Jair Bolsonaro e usar expressões comuns do léxico bolsonarista, como “narrativas” e “quem lacra, não lucra”.

Cíntia Chagas também foi às redes sociais após o pedido do Ministério Público. Ela compartilhou trechos de textos jornalísticos sobre o caso e cobrou o presidente da Assembleia Legislativa paulista, deputado André do Prado (PL-SP): “a Alesp continuará a abrigar um parlamentar indiciado pelo Ministério Público e pela polícia por agredir uma mulher?”, indagou.

– Recebo a decisão com serenidade e inabalável confiança na Justiça. Trata-se de um homem público, e é moralmente inaceitável que agressores de mulheres permaneçam investidos em funções de poder. A violência contra a mulher não se circunscreve à esfera privada: constitui crime e afronta à dignidade humana. Que a lei siga o seu curso e que, como sempre, a verdade prevaleça – escreveu a influenciadora.

A denúncia

As acusações contra Bove vieram a público após o fim do casamento entre os dois, em 2024. O deputado, formado em Administração e Comércio Exterior, foi eleito como em 2022 com 130.451 votos.

As agressões e ameaças foram reveladas pelo colunista Léo Dias em seu blog. Ele teve acesso a um boletim de ocorrência registrado pela ex-mulher e a um pedido de medida protetiva contra o deputado. Os dois documentos foram registrados por Cíntia Chagas no início de setembro de 2024.

Segundo o depoimento da influenciadora à polícia, o relacionamento com Bove, iniciado em 2022, foi marcado por comportamentos abusivos. As agressões teriam começado ainda durante o namoro, quando o deputado exigia controle sobre as atividades dela, solicitando chamadas de vídeo para monitorar onde ela estava. O casamento, oficializado em uma cerimônia na Itália, durou apenas três meses.

O boletim de ocorrência relata que, em um dos episódios, Bove teria jogado uma faca na direção da ex-esposa, ferindo sua perna, e ameaçado “queimar seu corpo”. Em outra ocasião, o parlamentar bolsonarista teria demonstrado ciúmes e acusado Cíntia de querer encontrar homens ricos ao se matricular em uma academia. Ele ameaçou terminar o relacionamento caso ela prosseguisse com a inscrição.

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