O discurso de Motta começou a mudar na semana passada, quando ele alternou de posição sobre as propostas apresentadas pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a líderes partidários como alternativas à alta do IOF.
Por Redação – de Brasília
A derrota imposta na noite passada ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no Plenário da Câmara, com a aprovação da urgência para derrubada do aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), eleva a desconfiança quanto à posição do presidente da Casa, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB). Aliados do governo têm dito que Motta atua sob “pressão, influência e tutela” de seu antecessor, Arthur Lira (PP-AL); do presidente do PP, Ciro Nogueira, e do ex-deputado Eduardo Cunha (RJ), uma espécie de mentor do parlamentar em início de carreira.

O discurso de Motta começou a mudar na semana passada, quando ele alternou de posição sobre as propostas apresentadas pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a líderes partidários como alternativas à alta do IOF. Primeiro Motta chamou o pacote de histórico para depois criticá-lo, abrindo caminho para a aprovação da urgência da derrubada do decreto do IOF.
A derrota significativa ocorreu com apoio em massa de partidos que controlam 12 ministérios do governo para derrubar o novo decreto do governo Lula que trata das alíquotas do Imposto. Com a aprovação, por 346 votos a favor e 97 contrários, a proposta passa a ter tramitação mais rápida e prioridade na pauta da Casa.
Acordo
Mais cedo, ministros do governo Lula e parlamentares fecharam um acordo para votar na sessão apenas o requerimento de urgência, deixando o mérito da proposta para daqui duas semanas. O compromisso foi fechado pelos ministros das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann; da Casa Civil, Rui Costa; por Hugo Motta e por líderes partidários.
Embora haja deputados de partidos da base do governo dispostos a derrubar o decreto do IOF, a maior irritação dos parlamentares, segundo disse uma fonte à agência inglesa de notícias Reuters, nesta terça-feira, é com o ritmo lento de pagamento das emendas parlamentares. A votação da proposta, portanto, teve como objetivo mandar um recado para o governo, confirmou a fonte.
O decreto do governo, publicado na noite de quarta-feira, revogou um decreto anterior, de 22 de maio, que havia elevado as alíquotas do IOF para diversas operações, buscando assegurar o cumprimento da meta fiscal do ano.
Taxação
Com o novo decreto, editado após forte reação negativa do Congresso e dos setores atingidos, o governo voltou atrás em parte dos aumentos promovidos no mês anterior, mas ainda manteve a taxação mais elevada para uma série de operações.
Em mensagem publicada na véspera, em suas redes sociais, Gleisi Hoffmann elogia a atitude de Motta quanto ao governo Lula, que tem se “caracterizado por responsabilidade e firmeza nos encaminhamentos acordados em comum”.
“No comando da Câmara, trouxe previsibilidade na pauta legislativa, sempre fruto do colégio de líderes, que expressa manifestações dos parlamentares. Tratamos às claras dos interesses do país, e isso tem sido fundamental para a tramitação das propostas do governo no Legislativo”, resumiu a ministra, horas antes de sofrer a derrota no Plenário da Câmara.