Segundo parlamentares governistas, ouvidos pela mídia conservadora, Motta se aproveita da situação envolvendo Ramagem para uma tentativa de reatar laços com o bolsonarismo, grupo com o qual vinha se distanciando nas últimas semanas.
Por Redação – de Brasília
Parlamentares da base aliada ao governo, no Congresso, perceberam que o presidente da Câmara, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), aproveita o caso do deputado Alexandre Ramagem para confrontar o Supremo Tribunal Federal (STF) e, assim, se fortalecer junto ao chamado ‘Centrão’. A oposição ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), por sua vez, aplaude o gesto do parlamentar.

Segundo parlamentares governistas, ouvidos pela mídia conservadora, Motta se aproveita da situação envolvendo Ramagem para uma tentativa de reatar laços com o bolsonarismo, grupo com o qual vinha se distanciando nas últimas semanas. Entre as atitudes que contrariaram os bolsonaristas, destaca-se a demora em avançar com a análise de projetos como a anistia aos envolvidos no golpe de Estado fracassado no 8 de Janeiro.
O estabelecimento de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre as fraudes no INSS é outro ponto de desgaste junto à bancada conservadora. Neste caso, porém, Motta se transforma em vidraça, uma vez que contratou um dos principais suspeitos de articulador das falcatruas no sistema previdenciário brasileiro, conhecido como ‘Júnior do Peixe’, contratado para trabalhar no gabinete do hoje presidente da Câmara.
Campanha
O embate com o STF também se insere no compromisso de Motta, assumido durante sua campanha, de defender as prerrogativas do Legislativo. De acordo com a avaliação de governistas, a movimentação do presidente da Câmara foi cuidadosamente orquestrada para reforçar a posição diante da bancada de ultradireita.
O apoio de líderes do ‘Centrão’ foi determinante para o confronto com a Corte Suprema, e até mesmo representantes de partidos com ministérios no governo Lula votaram a favor de Ramagem. Dos 315 votos favoráveis à decisão, 197 são de deputados que integram a base aliada, o que representa cerca de 63% do total.
Antes mesmo da oficialização do recurso, porém, tanto Hugo Motta quanto opositores do governo já previam que as chances de sucesso do pedido seriam mínimas, dado o entendimento do STF sobre a soberania das decisões das Turmas. O Supremo entende que não caberia recurso ao Plenário em casos dessa natureza.