Esta, no entanto, não é a primeira vez que Moro investe contra o governo de Nicolás Maduro. Em 2019, o site norte-americano de notícias Intercept Brasil publicou uma matéria em que mostra a ingerência na Venezuela, na tentativa de insuflar um golpe de Estado contra presidente.
Por Redação – de Brasília
Em nota publicada nesta terça-feira, em uma rede social, o ex-juiz parcial e incompetente Sérgio Moro (UB-PR), hoje senador, criticou “a vergonhosa nota de apoio do PT ao tirano de Caracas e à fraude eleitoral contra o povo da Venezuela”. Segundo o parlamentar, a manifestação petista “confirma os piores receios de que o partido de Lula oferece riscos à democracia”.
Esta, no entanto, não é a primeira vez que Moro investe contra o governo de Nicolás Maduro. Em 2019, o site norte-americano de notícias Intercept Brasil publicou uma matéria em que mostra a ingerência na Venezuela, na tentativa de insuflar um golpe de Estado contra presidente.
Procuradores da ‘Operação Lava Jato’ coordenaram um esforço para vazar informações confidenciais da delação da Odebrecht envolvendo a Venezuela para a oposição do país, após uma sugestão de Sergio Moro, quando ainda era juiz. Em conversas via Telegram, em agosto de 2017, fica evidente que o principal motivo para o vazamento era político.
“Talvez seja o caso de tornar pública a delação da Odebrecht sobre propinas na Venezuela. Isso está aqui ou na PGR?”, questionou Moro a Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa em Curitiba, no dia 5 de agosto às 14h35.
Momento
Deltan respondeu que não era possível tornar público diretamente devido a acordos, mas sugeriu o envio de informações à Venezuela, o que poderia resultar em publicação indireta. Ele já havia mencionado a Moro que, apesar de críticas e riscos, valeria a pena para apoiar os venezuelanos.
Alegando atuar como coordenador de fato da força-tarefa, uma prática ilegal, Moro influenciava frequentemente as decisões dos procuradores. A revelação dessas informações secretas ocorria num momento delicado, logo após ameaças dos EUA de sanções e ação militar contra Maduro, e antes do Brasil reconhecer o governo paralelo de Juan Guaidó.
A divulgação não autorizada poderia ser considerada crime, conforme o artigo 325 do Código Penal. Com poucos contatos em Caracas, os procuradores recorreram à ex-procuradora-geral Luísa Ortega Díaz, destituída por ser vista como ameaça a Maduro. Moro sugeriu a abertura das informações da Odebrecht no mesmo dia em que a Assembleia Constituinte venezuelana destituiu Ortega.
‘Estupro’
Após se exilar no Brasil, Ortega cooperou com a ‘Lava Jato’. Durante uma reunião em Brasília, o então procurador-geral Rodrigo Janot destacou o “estupro institucional” sofrido pelo Ministério Público venezuelano.
A força-tarefa discutia as implicações de suas ações na Venezuela, reconhecendo os riscos de intensificar a crise no país. Dias após a reunião com Moro, Deltan afirmou que cabia aos venezuelanos avaliar os riscos de guerra civil.
Deltan tentou amenizar o temor dos colegas. “PG (o procurador Paulo Galvão), quanto ao risco, é algo que cabe aos cidadãos venezuelanos ponderarem. Eles têm o direito de se insurgir”, resumiu o hoje deputado cassado.