Trata-se do desfecho, ao menos na PF, de uma investigação sobre supostos desvios de recursos de obras de pavimentação da estatal Codevasf em Vitorino Freire, no Maranhão, cidade comandada por Luanna Rezende, irmã de Juscelino.
Por Redação, com CartaCapital – de Brasília
A Polícia Federal indiciou o ministro das Comunicações, Juscelino Filho (União), em relatório enviado nesta quarta-feira ao Supremo Tribunal Federal. Na lista estão crimes como corrupção passiva e organização criminosa. O caso, sigiloso, tramita na Corte sob a relatoria do ministro Flávio Dino.
Trata-se do desfecho, ao menos na PF, de uma investigação sobre supostos desvios de recursos de obras de pavimentação da estatal Codevasf em Vitorino Freire, no Maranhão, cidade comandada por Luanna Rezende, irmã de Juscelino.
O dinheiro na mira da PF seria proveniente de emendas parlamentares indicadas por Juscelino à época em que ele era deputado federal, entre 2015 e 2023. Ele também foi eleito para a legislatura de 2023 a 2027, mas se licenciou do cargo para assumir um ministério de Lula (PT).
Em relatório de março, a Controladoria-Geral da União afirmou que a pavimentação de 80% de uma estrada custeada por emendas de Juscelino beneficiaria apenas propriedades dele e de familiares. O percentual equivale a uma extensão de 18,6 quilômetros.
Na ocasião, Juscelino destinou R$ 7,5 milhões em emendas para a pavimentação.
Além de apontar que parte da verba destinada ao projeto pode ser desviada, a CGU argumenta que o plano não cumpre o propósito inicial de “escoamento e acesso a serviços públicos”, isto é, de conectar povoados distantes a cidades maiores na região.
Operação Odoacro
O relatório da CGU decorreu da Operação Odoacro, deflagrada pela Polícia Federal em 2021 para apurar fraudes em licitações, desvio de recursos e lavagem envolvendo dinheiro de emenda parlamentar na estatal.
O edital de licitação foi conquistado pela Construservice, empresa que, a exemplo de Juscelino, está no radar da PF. Também há uma apuração em torno de uma possível relação criminosa de Juscelino com o empresário Eduardo José Barros Costa, dono da companhia.
Agora, Flávio Dino deve enviar o relatório da Polícia Federal à Procuradoria-Geral da República. Juscelino Filho ainda não se manifestou sobre o indiciamento, mas o espaço permanece aberto.