O tempo para conseguir argumentos suficientes a permanecer na pasta se encerra na próxima segunda-feira, quando terá uma reunião com o presidente Lula.
Por Redação - de Brasília
Nos dois meses em que permaneceu à frente da pasta das Comunicações, no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o deputado do ‘Centrão’ e criador de cavalos de raça Juscelino Filho (UB-MA) galopou para o instante em que se encontra agora: a um salto da demissão. Um dos três indicados ao governo pelo União Brasil (UB), o político de ultradireita está envolvido em denúncias que vão desde a ocultação de patrimônio, passam pelo uso indevido de aeronaves do governo e chegam ao uso do chamado ‘Orçamento secreto’ para beneficiar amigos e até uma propriedade da família.
O tempo para conseguir argumentos suficientes a permanecer na pasta se encerra na próxima segunda-feira, quando terá uma reunião com o presidente Lula.
— Eu já pedi para o Rui Costa (ministro da Casa Civil) para convocar ele para segunda-feira, para a gente ter uma conversa. Porque ele tem direito de provar sua inocência. Mas, se ele não conseguir provar sua inocência, ele não pode ficar no governo — disse o presidente à BandNews FM. Lula afirmou também que tentou conversar com Juscelino durante a semana, mas o ministro “está no exterior a serviço do ministério, num encontro de telecomunicações”.
Bolsonaro
Desde o início, a nomeação do deputado do União Brasil foi criticada por aliados e até mesmo por setores da mídia alternativa. Além de não ter afinidade com a complexa temática das comunicações, ele é um nome ligado claramente à direita. Para piorar, o diário conservador paulistano O Estado de S. Paulo revelou que Juscelino não declarou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) um patrimônio de pelo menos R$ 2,2 milhões relativos a cavalos da raça Quarto de Milha, de sua propriedade.
O mesmo jornal descobriu, ainda, que Juscelino Filho nomeou o advogado Antonio Malva Neto como diretor do poderoso Departamento de Radiodifusão Privada da pasta. Neto é sócio do empresário Willer Tomaz, “parceiro e amigo do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ)”.
Os problemas com os ministros da cota do UB no governo eram esperados. Atualmente, a agremiação tem três nomes na Esplanada dos Ministérios: além de Juscelino, Daniela do Waguinho (RJ), no Ministério do Turismo, e Waldez Góes (AP), na Integração e Desenvolvimento Regional.
Peculato
A legenda nasceu da fusão do PSL (que elegeu Jair Bolsonaro em 2018) e do DEM, o antigo PFL. Apesar de ter 61 deputados e nove senadores, uma aliança com a enorme bancada não é promessa de votos. O próprio presidente do UB, Luciano Bivar, já declarou à imprensa que o partido deve votar com o governo somente quando for “de interesse do Brasil”.
Dos três ministros, Waldez Góes é o único que ainda não rendeu problemas a Lula, apesar de estar envolvido em um processo por peculato ainda em andamento. Ele e Juscelino Filho foram indicados pelo senador Davi Alcolumbre (União-AP).
Daniela Carneiro é conhecida como “do Waguinho” porque herdou o apelido do marido, o prefeito de Belford Roxo e presidente estadual do UB no Rio de Janeiro, Wagner dos Santos Carneiro. Ela foi alvo de reportagens que mostravam que sua candidatura à Câmara foi supostamente apoiada por milicianos. Mas permanece no governo, uma vez que as provas contra ela não são conclusivas.