Marina e outros ambientalistas atribuíram a situação da Amazônia a cortes feitos pelo presidente Jair Bolsonaro em programas ambientais.
Por Redação, com Reuters - de Bogotá:
A ex-ministra do Meio Ambiente e candidata presidencial Marina Silva classificou os incêndios florestais que devastam a Amazônia como um “crime contra a humanidade” na quinta-feira, e disse que as diretrizes atuais atiçam as chamas.
Incêndios florestais em número recorde ardem há semanas na Amazônia brasileira, a maior floresta tropical do mundo, cuja proteção cientistas dizem ser crucial no combate à mudança climática.
Os incêndios quase dobraram neste ano na comparação com o mesmo período de 2018, segundo autoridades do Brasil, o que provocou uma revolta global.
“O mundo inteiro está assistindo uma situação que está fora do controle, em termos de desmatamento e incêndios na Amazônia brasileira”, disse Marina em uma conferência em Bogotá.
Ela e outros ambientalistas atribuíram a situação da Amazônia a cortes feitos pelo presidente Jair Bolsonaro em programas ambientais.
- É uma situação que vejo como um crime contra a pátria, um crime contra a humanidade - disse a ex-senadora.
- Tivemos situações difíceis ao longo da história do Brasil, mas esta é a primeira vez em que temos uma situação que foi prática e oficialmente alimentada pelo governo - acrescentou.
Bolsonaro criticou as multas ambientais para agricultores e pediu que reservas indígenas e outras áreas protegidas sejam abertas ao desenvolvimento.
Procuradores federais do Pará disseram que investigarão a disparada do desmatamento e dos incêndios florestais para determinar se houve uma redução da fiscalização e da aplicação de proteções ambientais.
Ambientalistas como Marina, que foi ministra no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, dizem que a iniciativa de Bolsonaro de abrir a Amazônia a algumas atividades econômicas está estimulando a indústria, os madeireiros clandestinos e os fazendeiros a derrubar árvores e explorar recursos naturais.
- O governo Bolsonaro destruiu todas as políticas ambientais que criamos ao longo de décadas - disse Marina, que nasceu em uma comunidade de seringueiros da Amazônia.
Dilma Rousseff
Em seu blog, a ex-presidenta Dilma Rousseff, escreveu que "a devastação da floresta amazônica é uma face assustadora da destruição da soberania nacional. É um crime de lesa-pátria cometido pelo governo Bolsonaro". Ainda segundo ela, "a derrubada de árvores e as queimadas, sob a inoperância tolerante do governo, representam uma agressão à soberania nacional tão grave como a venda de empresas públicas estratégicas brasileiras como a Petrobrás, prevista para ocorrer até 2022. A catástrofe ambiental e as privatizações são perigosas, porque algumas decisões econômicas podem ser revistas e revogadas, mas a extinção da maior floresta tropical do mundo e a venda da sétima empresa de Petróleo do planeta são irreversíveis".
Bernie Sanders
Em sua conta no Twitter, Bernie Sanders, senador norte-americano Bernie Sanders, pré-candidato à Presidência dos EUA pelo Partido Democrata, escreveu que "a mudança climática é uma emergência global. Bolsonaro e seus companheiros corporativos estão queimando a Floresta Amazônica por lucro pessoal e colocando em risco a sobrevivência de nosso planeta”. Ele ainda destacou uma de suas propostas de campanha chamada Green New Deal (Novo Pacto Verde), defendida por ele e pela ala mais progressista dos Democratas.
A proposta prevê uma transição energética nos EUA para atingir uma economia sustentável no segundo país mais poluidor do mundo. "Meu Novo Pacto Verde vai impor sanções climáticas contra corporações que ameacem nossos objetivos climáticos globais", afirmou.