Nos bastidores, parlamentares do PL e aliados, incluindo filiados do Republicanos, partido do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, articulam apoio a Marçal, que tem crescido nas pesquisas.
Por Redação – de São Paulo
Envolvido em denúncias que o teriam levado à cadeia, em um julgamento prescrito, o empresário Pablo Marçal (PRTB-SP) tem causado um verdadeiro cisma entre os seguidores do ex-mandatário neofascista Jair Bolsonaro (PL). Uma séria cada vez mais numerosa de líderes bolsonaristas, que deveriam garantir apoio ao atual prefeito da capital paulista, Ricardo Nunes (MDB), a exemplo do líder da ultradireita, fazem questão de demonstrar, ainda que à boca miúda, o descontentamento com a escolha.
Nos bastidores, parlamentares do PL e aliados, incluindo filiados do Republicanos, partido do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, articulam apoio a Marçal, que tem crescido nas pesquisas. O hoje candidato da direita fascista paulistana esteve preso, em 2005, durante a ‘Operação Pegasus’, que desmantelou uma das maiores quadrilhas especializadas em invasão de contas bancárias pela internet. Ainda assim, e talvez por isso, Marçal é caracterizado por um amplo setor dos eleitores mais extremistas como aquele que mais representa os valores do bolsonarismo e a da extrema direita, na capital paulista. Condenado a quatro anos e cinco meses de prisão em regime semiaberto pela Justiça, o marginal não passou um dia sequer na cadeia, uma vez que a pena foi prescrita em 2018.
E-mails falsos
De acordo com a sentença, o grupo criminoso do qual Marçal fazia parte disparava e-mails com assuntos chamativos, como avisos falsos de inadimplência ou de irregularidades no CPF e na declaração de Imposto de Renda, para atrair vítimas e ter acesso às senhas. Marçal foi apontado pela Justiça como o encarregado de capturar as listas de e-mails. Posteriormente, o grupo que o contratou infectava os computadores das vítimas com os programas invasores.
Procurado por repórteres, via assessoria, o ex-coach não se manifestou. Quando questionado sobre o caso, ele disse em depoimento que apenas atuava na manutenção de computadores e que não sabia da atuação criminosa. Mas a mentira foi descoberta em um dos áudios captados pela polícia. Nele, Marçal conversava sobre a seleção de e-mails com o acusado de liderar o grupo.
Um programa era usado para captar as contas que eram de fato acessadas pelo usuários, aumentando a chance de as vítimas clicarem nos links maliciosos.
— Quero ver a produção de e-mail capturado. Aqueles e-mails que você capturou no primeiro dia não estavam bons — cobrou o chefe do grupo.
Em resposta, Marçal perguntou se ele próprio não poderia disparar os e-mails.
— Não tem jeito de eu enviar de lá (endereço onde o grupo se reunia)? Eu mesmo pôr para enviar os que eu estou pegando? — questionou Marçal.
O interlocutor, então, recusa a oferta e orienta Marçal a apenas “capturar” os e-mails.
Neofascistas
Bolsonaro tem feito um esforço grande para evitar que influenciadores da ultradireita declarem apoio público a Marçal, nas redes sociais, na tentativa de salvar a aliança com Ricardo Nunes. Mas um número cada vez maior de bolsonaristas tem se queixado da impossibilidade de apoiar aquele candidato que consideram mais alinhado às pautas neofascistas.
Diante do apoio, ainda que velado, Marçal adota um discurso mais agressivo e evoca símbolos característicos do bolsonarismo e da extrema direita. Com isso, tem levado bolsonaristas a divergir pela primeira vez do líder, em um verdadeiro cisma nas fileiras do conservadorismo paulistano.