Mandatário agora ataca TSE e se arrisca a esticar demais a corda
Para o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu (PT), no entanto, o feitiço pode se voltar contra o feiticeiro. O analista político avalia que os atos antidemocráticos chamados por Bolsonaro, contra o STF, contra a Constituição e para chancelar as ameaças que faz ao Estado de Direito, podem ser grande revés para ele mesmo.
Para o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu (PT), no entanto, o feitiço pode se voltar contra o feiticeiro. O analista político avalia que os atos antidemocráticos chamados por Bolsonaro, contra o STF, contra a Constituição e para chancelar as ameaças que faz ao Estado de Direito, podem ser grande revés para ele mesmo.
Por Redação - de Brasília
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) retornou suas baterias, agora, contra o Judiciário ao afirmar que o "câncer" chegou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Segundo o mandatário neofascista, é necessário colocar “um ponto final nisso”. Ainda segundo afirmou, “é difícil governar um país desta maneira" (obedecendo a Constituição).
O ex-ministro José Dirceu acredita que a classe média se revoltará contra Bolsonaro
— Não sou machão, não sou o único certo. Agora, do outro lado, não pode um ou dois caras estragarem a democracia do Brasil. Começar a prender na base do canetaço, bloquear redes sociais. E agora o câncer já foi lá para o TSE. Lá tem um cara também que manda desmonetizar as coisas. Tem que botar um ponto final nisso. E isso é dentro das quatro linhas (da Constituição) — disse Bolsonaro aos seus seguidores, no chamado ‘chiqueirinho’, à saída do Palácio da Alvorada.
A declaração fez referência a uma decisão do corregedor-geral do TSE, Luis Felipe Salomão, que determinou a desmonetização de páginas e perfis que divulgam fake news (notícias falsas) sobre as eleições brasileiras, e, também, ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, que determinou a prisão de aliados do Planalto.
Feitiço
Para o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu (PT), no entanto, o feitiço pode se voltar contra o feiticeiro. O analista político avalia que os atos antidemocráticos chamados por Bolsonaro, contra o STF, contra a Constituição e para chancelar as ameaças que faz ao Estado de Direito, podem ser grande revés para ele mesmo.
— Há um lado liberal e democrático na direita. Esse lado sempre teve 30%, 35%, 40% do país. Esse lado da sociedade já se descolou do Bolsonaro. Se ele esticar demais a corda no 7 de setembro, ela pode arrebentar para o lado dele e contra ele —afirmou Dirceu.
O ex-deputado e ex-presidente do PT acredita que as chances de vitória eleitoral de Lula em 2022 são amplas e que elas se constroem a partir do Nordeste. Dirceu elogiou a agenda de conversas e articulações do ex-presidente na região. Para ele, o PT vem demonstrando maturidade e pragmatismo político na estruturação de alianças.
Avenida Paulista
José Dirceu saudou, ainda, a aliança de Geraldo Alckmin com Márcio França em São Paulo, deixando claro que ela dialoga com o lado democrático da sociedade.
— Será espetacular ter uma disputa em São Paulo com Boulos, Haddad, Alckmin, e o candidato do Doria. Talvez, São Paulo tenha percebido que é hora de mudar no Estado — afirmou aos jornalistas.
Em que pese persistirem as ameaças de confrontos e conflitos nos atos de rua do dia 7 de setembro, José Dirceu não acha razoável que os movimentos democráticos e o conjunto de movimentos sociais que reagem aos avanços bolsonaristas contra a democracia deixem de se manifestar no Dia da Independência.
— Não se deve ir para a Avenida Paulista, mas é claro que demos ter manifestações contrárias a isso. Sem, claro, cair em provocações. Tem de ser algo muito bem organizado, muito estruturado, porque já passamos do tempo de cair em provocações. E haverá infiltrados do lado de lá nos movimentos que nós organizarmos — concluiu.