O reinício das atividades do Congresso após o fim do recesso parlamentar será marcado pelas negociações do governo para consolidar uma base na Câmara, uma vez que no Senado o governo já obteve a maioria dos votos para questões decisivas.
Por Redação - de Brasília
Com o ingresso do PP e do Republicanos na base aliada ao governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) espera resolver a questão da governabilidade para os próximos anos. Segundo o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, a presença das legendas do chamado ‘Centrão’ na Esplanada dos Ministérios estará equacionada até semana que vem.
— Isso está com o presidente para decidir, não está definido quais pastas, mas o mais provável é que isso seja resolvido nos próximos 10 dias — disse o ministro à mídia conservadora, nesta segunda-feira.
Costa trabalha para que Lula possa conversar com líderes dos partidos da direita ao longo da semana, para definir quais pastas atenderão aos dois partidos. O PP busca um ministério forte, como o do Desenvolvimento Social, além do comando da Caixa Econômica Federal (CEF). Para ambas as pastas, o partido já indicou André Fufuca, no ministério, e Margarete Coelho para a CEF. Já o Republicanos poderá ficar com o Ministério do Esporte e mais um cargo no segundo escalão, segundo especulam os comentaristas políticos ligados à direita.
Atividade
Quanto antes o presidente Lula resolver suas questões com a Câmara, melhor para o desempenho do Congresso, como um todo. Os parlamentares retomam as atividades, nesta terça-feira, com a agenda cheia.
O reinício das atividades do Congresso após o fim do recesso parlamentar será marcado pelas negociações do governo para consolidar uma base na Câmara, uma vez que no Senado o governo já obteve a maioria dos votos para questões decisivas. Nesta linha, as tratativas já levaram o deputado Celso Sabino (União-PA) ao Ministério do Turismo.
A possível adesão do PP e do Republicanos, juntamente com o apoio já consolidado da União Brasil, resulta em 374 votos dos 513 deputados, número mais do que suficiente para aprovar emendas à Constituição (308).
Dissidentes
Integrantes do ‘Centrão’ ouvidos pela mídia conservadora estão otimistas quanto ao acordo em curso e acreditam que, mesmo com possíveis dissidentes, o governo caminha para estreitar os laços com a Câmara e construir uma base sólida com alguma margem de manobra. Eles mencionaram que o governo recentemente atendeu às demandas do setor agrícola, como o novo Plano Safra, o que pode ajudar a diminuir a resistência na principal bancada do Congresso, os ruralistas, e também entre os evangélicos.
Entretanto, reconhecem que as pautas relacionadas aos costumes e segurança pública são consideradas as mais sensíveis para essa possível nova base, podendo enfrentar uma grande quantidade de dissidentes.
A situação no Senado é marcada pela atuação do presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), com o apoio de parlamentares influentes como Renan Calheiros (MDB-AL), Jader Barbalho (MDB-PA) e Davi Alcolumbre (União-AP). Tanto é assim que um possível acordo com PP e Republicanos visa apenas a Câmara, e não o Senado, uma vez que por lá a maior parte das dez vagas dos dois partidos são de bolsonaristas e dificilmente vão aderir ao governo, como Ciro Nogueira (PP-PI), Luiz Carlos Heinze (PP-RS), Damares Alves (Republicanos-DF) e Cleitinho (Republicanos-MG).