O discurso, nesta manhã, aconteceu durante o segundo encontro de alto nível ‘Em Defesa da Democracia: Lutando contra o Extremismo’, organizado às margens da Assembleia-Geral das Nações Unidas.
Por Redação, com Reuters – de Nova York, NY-EUA
Em reunião nas Nações Unidas sobre a defesa da democracia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) questionou os erros que os democratas cometeram para permitir o avanço da extrema-direita no mundo. O encontro, nesta quarta-feira, reuniu líderes da centro-esquerda.

— Eu penso que antes de a gente procurar as virtudes do extremismo de direita, nós temos que procurar os erros que a democracia cometeu na relação com a sociedade civil, como é que nós estamos defendendo a democracia no nosso país. Se a gente não encontrar resposta, a gente vai continuar sendo sufocado pelo negacionismo, pelo extremismo e pelo discurso fascista — afirmou.
O discurso, nesta manhã, aconteceu durante o segundo encontro de alto nível ‘Em Defesa da Democracia: Lutando contra o Extremismo’, organizado às margens da Assembleia-Geral das Nações Unidas pelos governos de Espanha, Brasil, Chile, Uruguai e Colômbia.
Avaliação
Cerca de 15 chefes de Estado e três representantes em nível ministerial participaram do encontro. Este ano, os Estados Unidos ficaram de fora, pois não foram convidados pelos organizadores. De acordo com fontes ouvidas pela agência inglesa de notícias Reuters, a decisão foi tomada em conjunto pelos organizadores, mas por iniciativa do presidente Lula.
A avaliação era de que não seria possível convidar um governo que ataca as instituições brasileiras. Em 2024, ainda no governo do ex-presidente norte-americano Joe Biden, os EUA foram convidados e mandaram um representante.
Em sua fala, Lula disse ainda que, muitas vezes, governos progressistas ganham a eleição com um discurso de esquerda, mas quando começam a governar atendem muito mais “os inimigos que os amigos”.
— A cobrança do mercado, a necessidade de contentar o mercado, a necessidade de contentar os adversários, e muitas vezes os nossos eleitores que foram para rua, que apanharam, que foram achincalhados, são considerados por nós sectários e radicais. Esse é o fracasso da democracia, o que nós deixamos de fazer — acrescentou o presidente brasileiro.
Autocrítica
Segundo Lula, a esquerda precisa reconhecer os erros cometidos ao longo de sua trajetória e fortalecer a participação popular para enfrentar o avanço da extrema-direita. A democracia, na avaliação do presidente, enfrenta um momento decisivo no cenário global.
Lula se disse a favor de que líderes progressistas façam uma autocrítica sobre os motivos que permitiram a ascensão da extrema-direita em diferentes países.
— O que me inquieta hoje é a gente responder para nós mesmos: aonde é que os democratas erraram? Qual foi o momento em que a esquerda errou? Por que nós permitimos que a extrema-direita crescesse com a força que está crescendo? É virtude deles ou é incompetência nossa? — questionou.
Vínculo
No encontro em Nova York, Lula reforçou a necessidade de os governos democráticos recuperarem o vínculo com a sociedade civil, em vez de priorizar interesses do mercado ou ceder às pressões de adversários políticos.
— Muitas vezes a gente ganha as eleições com discurso de esquerda e, quando começa a governar, atende muito mais os interesses dos nossos inimigos do que dos nossos amigos. Esse é o fracasso da democracia — criticou.
O presidente ainda fez um apelo para que militantes, partidos e lideranças sociais retomem a prática da organização popular em comunidades, locais de trabalho e espaços de estudo. Para ele, essa é a base para reconstruir a confiança da população no projeto democrático.
Assista ao pronunciamento do presidente Lula: