O Supremo Tribunal Federal (STF) acabou anulando as condenações impostas a Lula. A declaração de parcialidade de Moro acarretou “efeito cascata”, aponta o diário conservador espanhol El País, em editorial, encerrando uma série de ações judiciais contra o ex-presidente.
Por Redação - de São Paulo
Senhor do tempo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem demonstrado, a cada dia que passa, seu ponto de vista acerca da ação criminosa do ex-juiz Sérgio Moro e dos procuradores federais da Operação Lava Jato. A constatação foi impressa, nesta quinta-feira, em editorial do diário conservador espanhol El País. O jornal, um dos mais conceituados da Espanha, afirma que “o tempo está dando razão” ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A publicação destaca que Lula sempre proclamou sua inocência diante das acusações de corrupção.
Nesse sentido, o Supremo Tribunal Federal (STF) acabou anulando as condenações impostas a Lula. A declaração de parcialidade de Moro acarretou “efeito cascata”, aponta a publicação, encerrando uma série de ações judiciais contra o ex-presidente.
“Salvo uma grande surpresa”, tanto o petista como o atual presidente, Jair Bolsonaro (sem partido), devem se enfrentar nas eleições do ano que vem, ressalta o editorial. Caberá a Lula forjar uma “ampla aliança”, como a que lhe garantiu a sua vitória quase duas décadas atrás.
Prós e contras
Lula, segundo o diário, tem a seu favor a “erosão de Bolsonaro”, em função dos 600 mil mortos pela covid-19 e da crise econômica. O periódico lembra que a CPI da Covid recomendou que o presidente seja acusado de crime contra a humanidade por conta da sua gestão durante a pandemia.
Contra ele, pesa o receio de “boa parte da elite e dos meios de comunicação“. Além disso, destaca que a pandemia ainda impõe restrições. “Se Bolsonaro reina nas redes sociais, o habitat natural de Lula é o contato direto com os eleitores, os comícios e abraços.”
“Muitos brasileiros se arrependeram de votar no militar reformado, mas isso não implica na disposição em apoiar o PT dentro de um ano, ainda que o ódio a Lula e a seu partido perca força, ao mesmo tempo em que o antibolsonarismo avança”, aponta a publicação.
Ultradireita
“Lula, que ao longo de sua carreira demonstrou ser um bom estrategista, deverá costurar muito bem para construir uma coalizão que dilua o rechaço que ainda suscita e reunir forças para converter a presidência do populista de ultradireita Jair Bolsonaro em um pesadelo passageiro”, afirma o editorial.
Na abertura da 16ª plenária da CUT, na noite passada, Lula falou em criatividade e reconstrução.
— O tempo que eu tenho pela frente está à disposição para a gente reconstruir este país, reconstruir o movimento sindical, levantar a cabeça do povo trabalhador — afirmou Lula.
A uma semana de completar 76 anos, ele disse ter “energia de 30 e tesão para brigar de 20”.
Dinheiro do povo
O petista não citou o nome do presidente da República, a quem chamou de “incivilizado”.
— Ele convive com as fake news e as mentiras dele, e quem sabe com uns milicianos mais próximos. Mas esse é o Brasil que nós herdamos da Ponte para o Futuro (programa do MDB de Michel Temer), do impeachment da companheira Dilma Rousseff, daqueles que diziam que o PT tinha destruído o país. Eu fico preocupado com vocês, me preocupa o clima de ódio que está estabelecido. Tenho saudade de um tempo em que a gente era mais humano, não era algoritmo — afirmou o líder popular.
A exemplo do que havia feito mais cedo, Lula defendeu o auxílio emergencial e o benefício do Bolsa Família de R$ 600, dizendo não se importar com um possível uso eleitoral por parte do presidente da República.
— Vamos esquecer as eleições de 2022. O povo precisa comer, trabalhar, ter acesso à saúde, ser respeitado. E nós vamos ganhar as eleições. Ele pode dar 400, 700, 800, porque não é ele que está dando, é o próprio dinheiro do povo — concluiu Lula.