Lula disse ainda, durante um café da manhã com jornalistas, que para alcançar o déficit zero nas contas públicas, o país precisaria fazer corte de investimentos.
Por Redação - de Brasília
As negociações entre o Palácio do Planalto e o ‘Centrão’ chegaram a um limite. Nesta sexta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva admitiu que o governo “dificilmente” cumprirá a meta fiscal de déficit zero em 2024, em função das negociações que seriam necessárias para desbloquear as pautas econômicas, no Congresso dominado pelas forças de direita e ultradireita. A meta era uma expectativa do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, necessária para que o arcabouço fiscal se sustente, mas para Lula, o mercado financeiro tem sido “ganancioso”.
Lula disse ainda, durante um café da manhã com jornalistas, que para alcançar o déficit zero nas contas públicas, o país precisaria fazer corte de investimentos.
— Dificilmente chegaremos à meta zero até porque não queremos fazer corte de investimentos e de obras. Eu não vou começar o ano fazendo um corte de bilhões nas obras que são prioritárias nesse país. Eu acho que, muitas vezes, o mercado é ganancioso demais e fica cobrando a meta que eles acreditam que vai ser cumprida — afirmou.
O presidente calcula que a meta pode ficar com rombo nas contas públicas entre 0,25% a 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB).
— Tudo o que a gente puder fazer para cumprir a meta fiscal, a gente vai fazer. O que posso dizer é que ela não precisa ser zero. A gente não precisa disso. Se o Brasil tiver o déficit de 0,5% o que é? 0,25% o que é? Nada. Então, vamos tomar a decisão correta e nós vamos fazer aquilo que vai ser melhor para o Brasil — acrescentou.
Hamas
O assunto, segundo o presidente, será tema ainda de muita conversa com Haddad.
— Eu sei da disposição do Haddad, sei das vontades do Haddad, sei da minha disposição, e quero dizer para vocês que nós dificilmente chegaremos à meta zero — definiu.
A guerra entre Israel e Palestina também foi alvo de comentários do presidente, junto aos repórteres. Pragmático, Lula adianta que entrará em contato com qualquer país que se autodeclare aliado do Hamas para intervir pela libertação dos reféns sequestrados pelo grupo extremista no ataque do dia 7 de outubro a Israel. Lula, porém, disse que seria necessário fazer demandas semelhantes ao governo de Benjamin Netanyahu para que abra as fronteira e liberte presos palestinos.
— Se eu tiver informação: ‘Oh Lula tem um presidente de tal país que é amigo do Hamas. É para ele que eu vou ligar. ‘O cara fala para o Hamas libertar os reféns’. E também falar par ao governo de Israel libera os presos, os sequestrados, abra a fronteira para sair os estrangeiros — disse Lula.
Insanidade
O governo classifica o ato do Hamas no dia 7 de outubro como terrorista, mas Lula preferiu não usar o mesmo termo para se referir ao grupo em si. O presidente também repetiu o uso do termo “insanidade” ao falar sobre Israel, mas dessa vez disse que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu age dessa forma ao querer “acabar com a Faixa de Gaza”.
Em meio às críticas sobre os rumos do conflito, Lula disse que o governo brasileiro manterá a missão de repatriação para retirar todos os brasileiros da zona de guerra.
— Nós não deixaremos um único brasileiro ficar em Israel ou na Faixa de Gaza — concluiu.