Lula disse que o encontro é “uma das experiências mais gratificantes dos meus primeiros mandatos e está relacionada ao renascimento do projeto integracionista na primeira década do século XXI”.
Por Redação - de Kingstown
Em sua passagem, nesta sexta-feira, pela XVIII Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reforçou a pressão internacional pelo fim das sanções contra Cuba e a soberania da Argentina sobre o território das Malvinas.
— Defender o fim do bloqueio a Cuba e a soberania argentina nas Malvinas interessa a todos nós. Todas as formas de sanções unilaterais, sem amparo no Direito Internacional, são contraproducentes e penalizam os mais vulneráveis. Num momento em que os gastos militares globais ultrapassam US$ 2 trilhões por ano, recuperar o espírito de solidariedade, diálogo e cooperação não poderia ser mais atual e necessário. Num mundo em que tantos conflitos vitimam milhares de inocentes, sobretudo mulheres e crianças, nossa região deve ser um exemplo de construção da paz — afirmou o presidente.
Intolerância
Ainda no discurso, Lula disse que o encontro é “uma das experiências mais gratificantes dos meus primeiros mandatos e está relacionada ao renascimento do projeto integracionista na primeira década do século XXI”.
— Tive a oportunidade e a satisfação de viver um momento ímpar desse desejo coletivo de maior aproximação entre nós. Trabalhamos pelo fortalecimento e ampliação do Mercosul e pela criação da Unasul. Participei das etapas iniciais de formação da CELAC em 2008, na Bahia, quando reunimos, pela primeira vez, os 33 chefes de Estado e de Governo da América Latina e do Caribe. Foi preciso esperar 500 anos para que isso acontecesse — afirmou.
O presidente lembra que “apesar da nossa diversidade, soubemos avançar a passos firmes na construção de consensos regionais. Nossa extraordinária variedade cultural, étnica e geográfica não foi um empecilho”.
— Nossos distintos modelos políticos e econômicos tampouco impediram o esforço permanente pelo entendimento. Tínhamos a nos unir anseios comuns de justiça social, combate à pobreza e a promoção do desenvolvimento. Construímos uma cultura de paz e entendimento. Nos últimos anos, contudo, voltamos a ser uma região balcanizada e dividida, mais voltada para fora do que para si própria. Entre muitos de nós, a intolerância ganhou força e vem impedindo que diferentes pontos de vista possam se sentar à mesma mesa — acrescentou.
Construção
Segundo o líder brasileiro, “estamos deixando de cultivar nossa vocação de cooperação e permitindo que conflitos e disputas, muitas delas alheias à região, se imponham”.
— Defender o fim do bloqueio a Cuba e a soberania argentina nas Malvinas interessa a todos nós. Todas as formas de sanções unilaterais, sem amparo no Direito Internacional, são contraproducentes e penalizam os mais vulneráveis. Num momento em que os gastos militares globais ultrapassam US$ 2 trilhões por ano, recuperar o espírito de solidariedade, diálogo e cooperação não poderia ser mais atual e necessário. Num mundo em que tantos conflitos vitimam milhares de inocentes, sobretudo mulheres e crianças, nossa região deve ser um exemplo de construção da paz — pontuou.
O presidente também refletiu “sobre o nosso lugar no plano internacional”.
— Num contexto de difusão do poder global e de reforço constante da multipolaridade, a questão que volta a se colocar é se os países da América Latina e do Caribe querem se integrar ao mundo unidos ou separados. Isso é particularmente relevante no momento atual, em que a nossa região se converterá no centro de gravidade da diplomacia global, ao receber as cúpulas do G20, da APEC, do BRICS e da COP30. Se falamos como região, temos mais chances de influenciar os grandes debates da atualidade — resumiu o presidente Lula.