Embora o placar da Primeira Turma já estivesse em 4 a 0 contra Moro, Fux pediu vista ao processo, para atrasar o desfecho inevitável.
Por Redação – de Brasília
Em um intervalo tenso na sessão do STF (Supremo Tribunal Federal), os ministros Gilmar Mendes e Luiz Fux tiveram um duro diálogo nesta semana, conforme apurou a jornalista Mônica Bergamo, em sua coluna no diário conservador paulistano Folha de S. Paulo (FSP). “Em um dos intervalos da sessão de quarta-feira, Gilmar questionou Fux, de forma irônica, por ele ter suspendido um recurso em que Sergio Moro tenta reverter decisão que o tornou réu pelo crime de calúnia contra o próprio Gilmar”, publicou Bergamo.

Embora o placar da Primeira Turma já estivesse em 4 a 0 contra Moro, Fux pediu vista ao processo, para atrasar o desfecho inevitável. Segundo relatos da conversa à coluna, Gilmar disse a Fux:
— Vê se consegue fazer um tratamento de terapia para se livrar da Lava Jato — afirmou Mendes.
Delação
Mendes continuou ao afirmar que Fux deveria “enterrar” o assunto “do Salvador”, referindo-se a um ex-funcionário do gabinete do ministro, José Nicolao Salvador, citado numa proposta de delação premiada na década passada, e demitido pelo magistrado em 2016.
Ainda conforme a colunista, Fux reagiu. Respondeu que tinha pedido vista do caso de Moro para examiná-lo melhor e que também estava contrariado com Gilmar, que falaria mal dele em diversos lugares e ocasiões.
“Gilmar afirmou que isso era verdade, mas que falava mal de Fux publicamente, e não pelas costas, por considerá-lo uma figura lamentável. E deu como exemplo o julgamento de Jair Bolsonaro, dizendo que Fux ‘impôs aos colegas (os ministros da Primeira Turma) um voto de 12 horas que não fazia o menor sentido’, finalizando por absolver o ex-presidente e ‘condenar o mordomo (o tenente-coronel Mauro Cid, por tentativa de abolição do Estado democrático de Direito)’, o que teria deixado ‘todo mundo’ chateado”, continuou Bergamo.
Defensoria
Mas Fux, ainda de acordo com relatos, nos bastidores, saiu em defesa de seu voto, “afirmando que era o que tinha que fazer diante do que entendia ser um massacre sofrido pelos réus da trama golpista. Durante a discussão, outros ministros entravam e logo saíam da sala diante da tensão do diálogo”, escreveu a jornalista.
Questionados pela reportagem do Correio do Brasil, nesta manhã, tanto Gilmar Mendes quanto Luiz Fux não comentaram a notícia.
Ainda nesta quinta-feira, por determinação do ministro do STF Alexandre de Moraes, a Defensoria Pública da União (DPU) passou a representar o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) na ação penal na qual ele é acusado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por conspirar contra o Brasil, nos EUA. Moraes tomou a decisão após o parlamentar não apresentar resposta à acusação dentro do prazo legal.
A PGR denunciou Eduardo Bolsonaro e o blogueiro bolsonarista Paulo Figueiredo Filho em setembro, sob a acusação de coação em processo. Segundo a Procuradoria, os dois teriam atuado em favor de tarifas e sanções impostas pelos Estados Unidos contra as exportações nacionais e autoridades brasileiras, numa tentativa de atrapalhar a apuração da chamada trama golpista — investigação que levou à condenação de Jair Bolsonaro (PL) a 27 anos e três meses de prisão.