Para Lira, foi o grupo que permitiu ao atual governo e aos anteriores estabilidade de governança; além de participar no golpe de Estado que derrubou a presidenta cassada Dilma Rousseff (PT), em 2016. O tal ‘Centrão’, no entanto, voltou aos holofotes nas últimas semanas após a filiação do presidente, Jair Bolsonaro, ao Partido Liberal (PL).
Por Redação - de Brasília
Presidente da Câmara, o deputado Arthur Lira (PP-AL) acredita que, muitas vezes, o grupo político chamado de ‘Centrão’ "é mal compreendido”, embora sua identificação com as pautas da extrema direita não deixem dúvidas quanto ao matiz ideológico. Ainda assim, uma parcela cada vez maior da Casa já passa a rejeitar as propostas mais extremadas, a exemplo do projeto de Lei que estabelece ações antiterroristas, no país.
Para Lira, foi o grupo que permitiu ao atual governo e aos anteriores estabilidade de governança; além de participar no golpe de Estado que derrubou a presidenta cassada Dilma Rousseff (PT), em 2016. O tal ‘Centrão’, no entanto, voltou aos holofotes nas últimas semanas após a filiação do presidente, Jair Bolsonaro, ao Partido Liberal (PL).
Defensor da política não aliada ao grupo, durante sua campanha presidencial de 2018, o presidente terminou por se render à fatia do Congresso da qual sempre participou, ao longo de sua carreira parlamentar.
Contraterrorismo
Nesta quinta-feira, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), fez diversas declarações sobre o grupo e, segundo sua interpretação, é o ‘Centrão’ que permitiu ao governo de FHC, Lula e até de Bolsonaro acontecer.
— Os partidos de centro sempre votaram as reformas estruturantes desse país, seja em momentos ruins ou bons. E, às vezes, são mal compreendidos. O que seria do governo Lula se não tivéssemos os partidos de centro? O que seria do governo FHC? O governo Dilma, do governo Temer, o que seria do governo Bolsonaro? — disse Lira, aos jornalistas.
Para o chefe da Câmara, os partidos de centro "dão toda a estabilidade, governabilidade e previsibilidade" necessárias para política brasileira. Apesar de defender o grupo, Lira tem afinado a condução da Câmara às medidas desenvolvidas pelo Executivo. Atualmente, propostas como a PEC dos precatórios, reforma do imposto de renda, projeto que prevê ações "contraterroristas", entre outros, são pautas enviadas pelo Palácio do Planalto, as quais, com a ajuda de Lira, depois são negociadas com o ‘Centrão’.
Repressão
No caso desta última, que transforma simples manifestações sociais como ações terroristas, no entanto, nem mesmo o ‘Centrão’ se dispõe a aprová-la, no Plenário da Casa. Lira chegou a incluir na pauta desta quinta-feira o polêmico projeto que prevê adoção de ações "contraterroristas" durante manifestações populares, mas não encontrou condições para levá-lo adiante e precisou retirá-lo da lista de matérias em análise.
O projeto já foi criticado até pela Organização das Nações Unidas (ONU) e pela Polícia Federal (PF), uma vez que ameaça a atuação dos movimentos sociais, já que as ações podem ser entendidas como atos terroristas caso o projeto seja aprovado. A proposta foi representada pelo deputado Vitor Hugo (PSL-GO) e se baseia em um texto mais antigo, protocolado em 2016, pelo então deputado Jair Bolsonaro.
Já para o delegado da PF, José Fernando Chuy, a criação da figura da Autoridade Nacional Contraterrorista ficaria centralizada no poder Executivo. Assim, essa centralização representa risco de "amplas prerrogativas de repressão e prevenção que conflitam com as atribuições de outros órgãos". Chuy acredita que deve ser criada uma comissão com participação civil para definir quais situações seriam, ou não, consideradas terroristas.