A candidatura de Nascimento, na realidade, já havia se desidratado ao longo dos últimos meses, com dificuldades até mesmo dentro da própria legenda. Embora, inicialmente, tivesse contado com a simpatia do próprio Lira, para a sua sucessão, o postulante baiano sofreu um revés incontornável.
Por Redação – de Brasília
Após o anúncio, na véspera, do apoio do deputado Arthur Lira (PP-AL) ao candidato Hugo Motta (Republicanos-PB) à sua sucessão, o União Brasil desistiu, na manhã desta quinta-feira, de lançar a candidatura do líder do partido na Câmara, Elmar Nascimento (UB-BA), para a Presidência da Casa. Após uma reunião, nesta manhã, a legenda decidiu criar uma delegação para negociar o apoio à proposta que já conta com os votos do PT e do PL.
A candidatura de Nascimento, na realidade, já havia se desidratado ao longo dos últimos meses, com dificuldades até mesmo dentro da própria legenda. Embora, inicialmente, tivesse contado com a simpatia do próprio Lira, para a sua sucessão, o postulante baiano sofreu um revés incontornável, com o atual presidente da Câmara declarando voto ao adversário paraibano.
Indignado com o que chamou de “traição”, e o pior, daquele que considerava seu “melhor amigo” na Casa, Nascimento tentou construir uma candidatura de oposição à Motta em uma aliança com o PSD, que havia apostado em Antonio Brito (BA) para a Presidência da Câmara. Não deu certo, também, e a oposição a Lira saiu destroçada.
Perfil
Nesta quinta-feira, Nascimento, expressou todo o seu descontentamento em relação ao fato político que o tirou, definitivamente, da corrida ao terceiro posto de comando na República.
— Já cheguei muito mais longe do que achava que poderia chegar. Nesse processo eu já comecei perdendo, perdi um amigo que eu considerava meu melhor amigo, o presidente Arthur Lira — disse Nascimento, em conversa com jornalistas da mídia conservadora.
A decisão do União Brasil de apoiar Motta, após intensas negociações, está atrelada a uma avaliação interna de que ele é o candidato mais forte para assumir a Presidência da Câmara, com um arco de aliança que já soma 316 deputados, o que o torna praticamente imbatível. Inicialmente, Nascimento era visto como o candidato preferido de Lira, mas perdeu o apoio ao perceber que Motta possui um perfil mais capaz de unir diferentes setores da Casa.
Cenário
Além disso, o partido sentia a pressão de não ser marginalizado em futuras negociações políticas. Ao desistir de sua candidatura, Nascimento buscava uma saída que não deixasse o União Brasil à mercê de uma eventual disputa direta com Motta. Com o apoio do PP, PT, PL, MDB, Podemos e PCdoB, a candidatura de Motta tornou-se ainda mais robusta.
A articulação de Nascimento com o líder do PSD, Antônio Brito, também encontrou obstáculos, especialmente pela falta de apoio do PT e do MDB, o que comprometeu a formação de um bloco governista forte. Por outro lado, há uma pressão sobre o PSD para que se una à coalizão que apoia Motta, evitando assim o isolamento político.
Os líderes partidários já indicam que o PL, maior partido na Câmara, terá a primeira vice-presidência, enquanto o PT ficará com a primeira-secretaria. Nesse cenário, o União Brasil negocia uma posição na Mesa Diretora; além de almejar o comando da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), que pode ser oferecido a Nascimento.