O QG da campanha de Bolsonaro já sabia que não poderia contar com os votos do Nordeste e da camada mais pobre da sociedade, mas ainda esperavam certo respaldo da elite econômica do país.
Por Redação - de Brasília
A avalanche de assinaturas na ‘Carta às brasileiras e aos brasileiros em defesa do Estado democrático de Direito’, organizada pela Faculdade de Direito da (USP), acendeu o sinal vermelho no comitê de campanha do candidato Jair Bolsonaro (PL). Em menos de 48 horas, o manifesto já contava com mais de 200 mil assinaturas.
Diante da reação da sociedade civil às ameaças de Bolsonaro à democracia deixou seus assessores”alarmadíssimos”, segundo apurou o colunista Tales Faria do portal UOL, principalmente pelo apoio de entidades como a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) à carta. A campanha bolsonarista entende que perdeu o apoio da elite do país, um ponto decisivo para a vitória em 2018.
"A informação que eu tenho é que a campanha do Bolsonaro está alarmadíssima com essa Carta aos Brasileiros. Ela é um ponto de inflexão na campanha, pois mostrou que, se em 2018 a elite chegou a apoiar Bolsonaro, dessa vez não tem conversa. Ele agrediu a democracia e a elite brasileira largou o Bolsonaro”, escreveu Farias, nesta quinta-feira.
Paulo Guedes
O QG da campanha de Bolsonaro já sabia que não poderia contar com os votos do Nordeste e da camada mais pobre da sociedade, mas ainda esperavam certo respaldo da elite econômica do país.
"O Guedes seduziu o Bolsonaro dizendo 'vamos fazer um programa ultraliberal e com isso vamos trazer a elite'. Isso, em 2018, teve resultados para o Bolsonaro. Mas agora não dá mais. O Guedes perdeu completamente a sua ligação com o empresariado em geral e a campanha do Bolsonaro está alarmada”, acrescentou.
O isolamento completo de Bolsonaro, segundo o colunista, afasta ainda mais uma possibilidade de golpe em caso de derrota nas urnas.
Banqueiros
"A equipe de campanha está sentindo que ele está isolado e, com o Bolsonaro isolado, não tem mais conversa. Se ele fizer um golpe agora, os militares sabem que não poderão apoiá-lo porque não têm também o apoio dos EUA, com quem os militares brasileiros mantêm uma ligação geopolítica muito forte. Para Bolsonaro, essa Carta aos Brasileiros está sendo um ponto final na campanha dele. Daqui pra frente ele não cresce mais", continuou.
Em um claro sinal de seu isolamento, Bolsonaro (PL) disse nesta manhã que os bancos aderiram ao manifesto de empresários e integrantes da sociedade civil em defesa do Estado Democrático de Direito, porque o governo deu uma "paulada" neles com o Pix. Na véspera, Bolsonaro já tinha minimizado o documento, chamando-o de "cartinha", em convenção nacional do PP.
"Você pode ver, esse negócio de carta aos brasileiros, à democracia, os banqueiros estão patrocinando. É o PIX que eu dei paulada neles, os bancos digitais que nós facilitamos", disse o presidente a apoiadores no cercadinho do Palácio da Alvorada.
"Estamos acabando com o monopólio dos bancos. Eles estão perdendo poder. Carta pela democracia... Qual ameaça que eu estou oferecendo para a democracia?", completou.
Neonazistas
A situação do mandatário piorou, no entanto, ao receber o que analistas políticos têm considerado uma intervenção no processo eleitoral brasileiro na oferta de uma “ajuda” da Hungria, país alinhado ao neonazismo, por parte do chanceler húngaro, Péter Szijjártó, à ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Cristiane Britto.
Nesta manhã, o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos afirmou que o chanceler Szijjártó quis apenas "prestar apoio público" à gestão de Jair Bolsonaro (PL) e que sua oferta de ajuda para a reeleição do presidente não ocorreu no sentido de interferir "no processo eleitoral brasileiro".