A interlocutores, nesta quinta-feira, o ex-presidente da Casa afirmou que o ambiente interno se deteriorou e que é preciso retomar a organização dos trabalhos legislativos.
Por Redação – de Brasília
Principal credor da eleição de Hugo Motta (Republicanos-PB) à Presidência da Câmara, o deputado Arthur Lira (PP-AL) não economizou nas críticas à condução política da Casa após o plenário aprovar uma pena alternativa ao deputado Glauber Braga (PSOL-RJ), que manteve o mandato com uma suspensão de 6 meses.

A interlocutores, nesta quinta-feira, o ex-presidente da Casa afirmou que o ambiente interno se deteriorou e que é preciso retomar a organização dos trabalhos legislativos.
— Tem que reorganizar a Casa. Está uma esculhambação — afirmou o deputado, segundo apurou a mídia conservadora.
Emendas
Na crítica ao sucessor, Lira mencionou a representação apresentada pelo PSOL à Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o comando da Casa após a retirada à força de Glauber da cadeira da presidência.
— O PSOL representou contra o presidente Hugo (Motta) na PGR — apontou.
A tensão entre Lira e Glauber, no entanto, não é de agora. O parlamentar do PSOL afirma que o conflito teve origem quando ele denunciou o chamado ‘Orçamento Secreto’ (esquema de repasse de emendas parlamentares sem transparência) durante a gestão de Lira na Presidência da Câmara. O ex-presidente foi um dos articuladores, portanto, o maior derrotado na punição mais branda contra o parlamentar fluminense.
Outra derrota
Após a vitória de Glauber, Lira trabalhou — sem sucesso — para que outro julgamento fosse adiado.
— Não existe continuar votando — disse ele aos aliados mais próximos, ainda durante a noite passada, referindo-se ao processo de cassação da deputada Carla Zambelli, analisado na mesma sessão.
Lira afirmou que o mandato da parlamentar deveria ser mantido, uma vez que a Mesa Diretora da Casa decretaria sua perda por faltas, uma vez que Zambelli não tem comparecido às sessões por se encontrar fora do país, presa em uma cadeia italiana.
Após o resultado da votação, na Câmara, ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) reagiram fortemente e consideraram aquele um gesto de “inaceitável” afronta ao Judiciário e manifestação explícita de tentativa de desmoralização da Corte, segundo disseram magistrados a interlocutores, ouvidos por jornalistas.
Quórum
De acordo com os integrantes do STF, o episódio representa o descumprimento direto de uma determinação judicial. O Plenário da Câmara votou, durante esta madrugada, o parecer que pedia a cassação de Zambelli. Embora 227 parlamentares tenham apoiado a perda do mandato, o número ficou aquém dos 257 votos necessários para validar a decisão. O processo foi arquivado.
Para alguns ministros do STF, a manutenção do mandato fere a ordem da Corte, determinara a cassação automática após a condenação criminal definitiva. Zambelli, antes figura de destaque entre os aliados mais próximos do ex-mandatário neofascista Jair Bolsonaro (PL), foi condenada por unanimidade em maio pelo STF a 10 anos de prisão por participar na invasão do sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em parceria com o hacker Walter Delgatti Neto. A decisão a tornou inelegível por oito anos e estabeleceu a perda imediata do mandato.