Rio de Janeiro, 22 de Novembro de 2024

Guiana avalia proposta dos EUA para instalar base armada na região do Essequibo

Arquivado em:
Terça, 12 de Dezembro de 2023 às 13:48, por: CdB

Nas últimas semanas, a região ganhou destaque internacional após o governo venezuelano realizar um referendo sobre a criação de um novo Estado na área de Essequibo e depois que Maduro anunciou a indicação de um governador para o futuro Estado.


Por Redação, com BBC - de Georgetown/Caracas


O presidente da Guiana, Mohamed Irfaan Ali, disse em entrevista exclusiva à BBC News que o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, tenta "incutir medo no povo" guianense e não descartou a instalação de uma base norte-americana no país em meio às tensões em torno da região conhecida como Essequibo, rica em minérios e petróleo.




guiana-2.jpg
O presidente da Guiana, Mohamed Irfaan Ali, deverá participar de encontro com Nicolás Maduro para discutir a crise sobre a região de Essequibo

– Maduro tenta incutir medo no povo da Guiana – disse o presidente. "Faremos tudo o que for necessário para garantir a soberania e a integridade territorial da Guiana", Irfaan Ali ao ser questionado se seu governo permitiria a instalação de uma base norte-americana no país.


A possibilidade de que o conflito pudesse levar à instalação de uma base estrangeira na região amazônica é um dos temores de integrantes do governo brasileiro, entre eles o assessor especial para assuntos internacionais da Presidência da República, Celso Amorim.


A entrevista do presidente da Guiana foi concedida na manhã de segunda-feira. Nesta quinta-feira, Irfaan Ali e o presidente venezuelano deverão ter um encontro presencial em Trinidad e Tobago no qual deverão discutir a questão de Essequibo.


Nas últimas semanas, a região ganhou destaque internacional após o governo venezuelano realizar um referendo sobre a criação de um novo Estado na área de Essequibo e depois que Maduro anunciou a indicação de um governador para o futuro Estado.


Em meio à escalada sobre o assunto, o Ministério da Defesa do Brasil reforçou a segurança em Roraima, Estado que faz divisa com a Venezuela e com a Guiana.


Na semana passada, o governo norte-americano comunicou a realização de exercícios militares em parceria com a Guiana no espaço aéreo do país. Na mesma semana, o Departamento de Estado dos Estados Unidos anunciou que daria suporte "inabalável" à soberania da Guiana.



Essequibo


Essequibo é uma região disputada pelos dois países há mais de um século. A área tem aproximadamente 160 mil quilômetros quadrados e é na sua costa que a petroleira ExxonMobil descobriu, em 2015, reservas equivalentes a 11 bilhões de barris de petróleo. Nos últimos anos, a economia do país de aproximadamente 800 mil habitantes foi uma das que mais cresceu no mundo. Seu produto interno bruto (PIB) deverá crescer 25% este ano, depois de ter expandido 57,8% em 2022.


Desde as descobertas de petróleo, o governo venezuelano vem aumentando o tom em torno da região.


No dia 1º de dezembro, a Corte Internacional de Justiça (CIJ), provocada pelo governo guianense, emitiu uma sentença determinando que a Venezuela não poderia tomar medidas para incorporar Essequibo ao seu território. O governo de Nicolás Maduro, no entanto, anunciou não reconhecer a legitimidade da Corte para resolver a disputa.


Nas ruas de Georgetown, a elevação da temperatura do assunto é visível no trânsito da capital. Em diversos pontos da cidade, é possível ver cartazes e outdoors com os dizeres: Essequibo belongs to Guyana (Essequibo pertence à Guiana, na tradução direta do inglês).


Na entrevista à BBC News, o presidente do país diz ainda que é importante conversar com "os vizinhos", mas que um possível acordo sobre recursos petrolíferos de Essequibo está fora de questão.


– Isso não acontecerá – disse.




Edições digital e impressa
 
 

Utilizamos cookies e outras tecnologias. Ao continuar navegando você concorda com nossa política de privacidade.

Concordo