O documento expõe as pesquisas de opinião, que expressam a insatisfação de mais da metade dos eleitores com as políticas do governo; especialmente diante da pandemia causada pelo novo coronavírus. O país registra mais de 293 mil casos confirmados e já está perto dos 19 mil mortos.
Por Redação - de Brasília
Presidente da Câmara, o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) acumula mais de 30 pedidos de impedimento contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sobre a mesa e, nesta quinta-feira, recebeu mais um. Este, no entanto, diferencia-se por ser o primeiro pedido coletivo, popular e assinado por sete partidos de esquerda (PT, PCdoB, Psol, PCB, PCO, PSTU e UP); além de mais de 400 organizações sindicais e da sociedade civil, movimentos populares e juristas, artistas e intelectuais.
O documento expõe as pesquisas de opinião, que expressam a insatisfação de mais da metade dos eleitores com as políticas do governo; especialmente diante da pandemia causada pelo novo coronavírus. O país registra mais de 293 mil casos confirmados e já está perto dos 19 mil mortos. Diante dos fatos, o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general da reserva Augusto Heleno, afirmou que não há qualquer iniciativa, junto às Forças Armadas, de comandar uma nova quartelada contra os demais Poderes da República.
Após a entrega do pedido de impeachment, a presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), destacou o descaso de Bolsonaro com as vítimas da covid-19, com os trabalhadores mais pobres e também com os donos de pequenos negócios.
— Até agora, o crédito não chegou e as pessoas estão sendo demitidas. Bolsonaro não tem condição alguma de governar, nem humana, de se colocar no lugar do outro, muito menos de proteger. Só saber brigar o tempo todo e vive o tempo todo em meio a crimes de todo tipo, inclusive de responsabilidade e eleitoral — afirmou Hoffmann.
Impeachment
O novo pedido do afastamento de Bolsonaro foi precedido por ato público, na Capital Federal, promovido pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação, Central de Movimentos Populares (CMP) e o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-N). Participaram os juristas Celso Antonio Bandeira de Melo, Lênio Streck, Pedro Serrano, Carol Proner e os ex-ministros da Justiça Tarso Genro, José Eduardo Cardozo e Eugênio Aragão, que participaram também da redação do pedido.
Serão necessários 342 votos na Câmara para se aprovar a abertura de um processo de impeachment. Para evitar o processo, o presidente precisa do voto de 171 deputados.
O todo, são 32 pedidos de impeachment e ao menos sete pedidos de Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) contra Jair Bolsonaro. Um dos pedidos de CPI mais avançados é aquele impetrado pelo Cidadania. A CPI, uma vez instalada, investigará as acusações do ex-ministro da Justiça Sergio Moro de que Bolsonaro tentou interferir na Polícia Federal (PF) para proteger aliados.
Ditadura
Ciente quanto às ações contra o presidente Bolsonaro, no Supremo Tribunal Federal (STF) e aos pedidos de impeachment que se avolumam, na Câmara dos Deputados, o ministro-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), general da reserva Augusto Heleno, descartou a possibilidade de golpe, intervenção militar ou da instalação de uma ditadura no Brasil.
— Os militares não vão dar golpe. Isso não passa na cabeça dessa nossa geração, que foi formada por aquela geração que viveu todos aqueles fatos, como estar contra o governo, fazer uma contrarrevolução em 1964 — afirmou.
Segundo o ministro, “não passa (pela cabeça) ditadura, intervenções, isso são provocações feitas por alguns indivíduos que não têm coragem de dizer quais são suas ideologias, que ficam provocando os militares para ver se nós vamos reagir”.
Golpistas
O general, conselheiro de campanha de Jair Bolsonaro e um dos três com assento no Palácio do Planalto, disse que deve isso aos “nossos instrutores, vacinados por toda aquela trajetória de militares se intrometendo de uma forma pouco aconselhável, mas muitas vezes necessária, na política”.
Em menos de um mês, o ministro da Defesa precisou editar duas notas públicas para reafirmar o compromisso das Forças Armadas com a Constituição, após o presidente participar de atos golpistas que pediam intervenção militar contra Congresso e STF.