Mas fica explícito é que, mesmo sendo claro que o PT necessitou de outras forças para disputar essas eleições, seja de direita ou de esquerda, o pretenso petista afirma que todas as eleições teriam sido disputadas pelo “PT” simplesmente.
Por Maria Fernanda Arruda - do Rio de Janeiro
Dias atrás, vi uma lista feita por um petista, ou que se julga petista, e ela dava conta das eleições depois da redemocratização brasileira, fala desde a eleição do Collor até a de Bolsonaro. Mas o curioso nessa lista das eleições é a forma como o autor coloca, nos termos que usa; e na forma como vê as eleições.
A partir daí consegui vislumbrar o que o PT e os petistas pensam, e mais, o que eles escondem.
Ele coloca a eleição de 1989 sendo uma disputada contra a Rede Globo e, na ultima eleição: o PT, disputando contra “whatsapp/fakenews”.
Mas fica explícito é que, mesmo sendo claro que o PT necessitou de outras forças para disputar essas eleições, seja de direita ou de esquerda, o pretenso petista afirma que todas as eleições teriam sido disputadas pelo “PT” simplesmente. Não faz menção alguma às correntes políticas ou ideológicas que, juntas, indicam ser a aglutinação de forças democráticas ou socialistas.
Esquerda
Na trajetória das eleições do PT, ele, no inicio, posicionou-se junto à esquerda, aos comunistas, socialistas e trabalhistas, mas não obteve vitória.
Somente na aliança com a direita, na primeira, com a fina flor (na época) o PP de José Alencar, conseguiu sua primeira vitória. Como em time que esta ganhando não se mexe, a parceria com a direita prosseguiu, e depois, com o lôdo mais pegajoso da centro/direita brasileira, o PMDB de Michel Temer.
O impeachment de Dilma foi o divórcio litigioso do PT de cima do muro com a direita brasileira. Isso acarretou o sentimento de ódio contra o partido. Gente da esquerda, excluída, não mais queria estar ao lado do Partido dos Trabalhadores que, agora, nas negociações sindicais aparecia como o partido de patrão; e a direita apenas externou o ódio que mantinha represado pela conduta democrática, interrompida pelo golpe contra Dilma.
O que fica claro nisso tudo, pela postura atual, é que o PT subiu o muro que dividia seu lado político e transitou entre os dois lados sem dar nenhuma satisfação para os membros de onde se originou. Na última eleição, em uma estratégia digna de liberais radicais, cobrou postura ideológica de seus novos parceiros, a esquerda.
Cláusula de barreira
Sem ter mais como se aliar a alguma corrente vitoriosa da direita ele se volta à esquerda. Mas, agora, sem prática política. Retorna impondo um protagonismo e uma hegemonia vista apenas em partidos que habitam o outro lado do muro e o próprio muro.
Numa estratégia excludente hegemônica, o PT faz uma coligação enxuta e de domínio, impõe posturas e execra outros partidos e lideranças da mesma esquerda. Opta pela polarização das eleições já em primeiro turno, acirrando os ânimos. E traz à tona o ódio da direita, primeiro de seu concorrente direto, Bolsonaro, e pela empáfia, das hostes conservadoras.
O auge da direitização hegemônica do PT se deu depois das eleições, na Câmara dos Deputados, onde tentou, dignamente como um partido de direita, impedir que a união do PCdoB, partido que foi vice em sua chapa, com o PPL fosse reconhecida, imputando para os “partidos amigos de coligação” a dureza da cláusula de barreira.
Com isso fica bem claro que o PT, se não está na direita, já reclamou seu lugar de direito em cima do muro.
Como disse acima: o gato subiu no muro!
Maria Fernanda Arrudaé escritora e colunista doCorreio do Brasil.