Os militares russos procuram brechas, aguardam condições climáticas favoráveis e entram na cidade individualmente ou em duplas. Uma vez lá dentro, eles se fazem passar por civis e podem permanecer durante meses sem ser identificados.
Por Redação, com DW – de Pokrovsk – Ucrânia
A cidade de Pokrovsk, na região de Donetsk, tornou-se um ponto crítico no conflito entre a Rússia e a Ucrânia. Os intensos combates que ocorrem na região há mais de um ano se alastraram nos últimos meses para as ruas da cidade onde os russos se infiltram de maneira gradual, como relatou um operador de drones à agência alemã de notícias DW. Segundo o militar ucraniano, “é impossível detectar todos eles”.

Os militares russos procuram brechas, aguardam condições climáticas favoráveis e entram na cidade individualmente ou em duplas. Uma vez lá dentro, eles se fazem passar por civis e podem permanecer durante meses sem ser identificados.
— Nas minhas observações, a infiltração é o principal problema. É muito difícil distinguir entre um inimigo e um civil — afirmou à DW um soldado de reconhecimento que atua na região.
Cobertura
Segundo ele, as tropas russas avançam sobre Pokrovsk com um grande número de drones e bombas planadoras. Os drones são usados para armar emboscadas e interromper a logística das Forças Armadas ucranianas, enquanto as bombas destroem qualquer cobertura. Autoridades militares ucranianas também avaliam que o Exército russo tem uma dupla vantagem em Pokrovsk, tanto em número quanto em superioridade aérea. A Ucrânia não possui defesa contra os numerosos drones russos.
— Por causa dos drones, não podemos mover nossas defesas aéreas para mais perto da linha de frente. Isso destruiria os sistemas de alto custo. Não temos aeronaves suficientes para abater os bombardeiros Su-25 russos — afirma uma das fontes.
Consequentemente, a linha de contato ao longo da frente perto de Pokrovsk é muito longa. A chamada “zona morta” se estende por 20 quilômetros. O maior problema para as forças de Kiev é o fato de os russos interromperem deliberadamente a logística das tropas ucranianas. Isso prejudica o fornecimento de munição e equipamento técnico, bem como as rotações e a retirada dos feridos.
Frente de batalha
— A logística ainda funciona, mas é extremamente arriscada. A maioria das unidades avança a pé. Algumas precisam percorrer dezenas de quilômetros para chegar às suas posições. A ajuda humanitária está sendo entregue por drones — diz um oficial de reconhecimento em Pokrovsk.
Os russos agora se aproximam de cidades como Dobropillia, Rodynske e Bilytske, que até recentemente eram controladas por soldados ucranianos e abrigavam pontos de transbordo e centros logísticos.
As distâncias que os militares ucranianos precisam percorrer e o tempo necessário aumentaram, relata um piloto de drone.
— Quando os russos começaram a destruir as rotas logísticas ucranianas, sentimos que eles estavam assumindo a superioridade aérea completa. Agora, os soldados ucranianos, totalmente armados, precisam chegar às suas posições a pé. Robôs terrestres poderiam fornecer suprimentos essenciais, mas também são alvos de drones russos — acrescentou.
Logística
Um operador de drone da Guarda Nacional Ucraniana, posicionado nos arredores de Myrnohrad, descreve a tática russa de avançar em pequenos grupos de infantaria. Em julho, a logística ainda funcionava e tudo o que era necessário era entregue diariamente. A partir de meados de agosto, no entanto, os pilotos de drones tiveram que deixar suas posições a pé e percorrer 12 quilômetros até Rodynske. Em setembro, essa distância aumentou para 30 quilômetros.
— O acesso às posições é muito difícil; restam apenas uma ou duas rotas terrestres, e uma delas está sob fogo — observou.
Além disso, os operadores ucranianos de drones agora precisam permanecer em suas posições por 30 a 40 dias. Muitos se recusaram a ocupar posições nos arredores de Myrnohrad por medo de serem cercados pelos russos.