Bolsonaro foi preso preventivamente na manhã deste sábado pela PolíciaFederal (PF). O ex-presidente já estava em prisão domiciliar, em Brasília, desde agosto.
Por Redação – de Brasília
Ex-decano do Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-ministro Celso de Mello aprova a decisão do ministro Alexandre de Moraes de decretar a prisão preventiva do ex-mandatário neofascista Jair Bolsonaro (PL). Mello avalia que o ex-mandatário merece as punições impostas pelo Tribunal e vai além.

— É isso que sempre acontece aos tiranos — afirmou, em entrevista neste domingo ao jornal Valor.
Tirano
Bolsonaro foi preso preventivamente na manhã deste sábado pela PolíciaFederal (PF). O ex-presidente já estava em prisão domiciliar, em Brasília, desde agosto. Moraes, porém, determinou que ele fosse levado à superintendência da PF, também na capital federal, por risco de fuga.
— As corretas medidas hoje adotadas pelo eminente ministro Alexandre de Moraes refletem, de modo bastante expressivo, o que se contém na máxima republicana ‘Sic semper tyrannis’ (‘Assim sempre aos tiranos’). É isso que sempre acontece aos tiranos — acrescentou o jurista.
As declarações do ex-ministro refletem a opinião do mais longevo decano da Corte, na Nova República. Mello disse, ainda, que a “tirania pode brilhar por instantes”, mas é a democracia constitucional que prevalece.
— A tirania brilha por instantes, como lâmina exposta ao sol, mas cedo se embota, corroída pelo próprio excesso, vítima da violência que alimentou. A liberdade, ao contrário, não necessita de ruídos: bastam-lhe o silêncio luminoso da justiça, o respeito aos direitos fundamentais, a reverência ao primado da Constituição e ao regime democrático e o gesto simples, porém essencial, dos que não se curvam à opressão e ao arbítrio — afirmou o ministro.
Subserviente
Assim, segundo Mello, ”é então que a velha máxima republicana ressurge — austera, digna, imperturbável — ‘Sic semper tyrannis‘. E isso porque a opressão cai, mas a prevalência da esperança e o predomínio da democracia constitucional ressurgem luminosos como símbolos de um novo tempo”.
Presidente do Supremo entre 1997 e 1999, Mello é crítico a Bolsonaro, avaliando o ex-chefe do Palácio do Planalto como um “péssimo governante” que despreza a Constituição Federal e é subserviente ao governo norte-americano de Donald Trump.
— Jair Bolsonaro foi um péssimo governante, conspirou contra o regime democrático ao longo do seu mandato. Foi negacionista em matéria ambiental e de saúde pública, especialmente no período da pandemia. Retrógrado em tema de costumes, fez apologia, reiteradas vezes, da tortura e da violação aos direitos humanos — pontuou.
Bolsonaro, de acordo com o ministro, “revelou-se preconceituoso em diversas matérias, não ocultou seu desprezo pela Constituição e pelas bases democráticas do Estado de Direito; além de ser misógino, intolerante , “mau militar’ — expressão textual de Ernesto Geisel — e adepto do discurso de ódio, degradando-se ainda mais quando manifestou desprezível servilismo a um governante estrangeiro, Trump”, em referência ao apoio de Bolsonaro às tarifas impostas pelos Estados Unidos às exportações brasileiras.