Danilo Trento, na empresa Primarcial Holding e Participações, com sede em São Paulo, usa o mesmo endereço da empresa Primares Holding e Participações, cujo sócio é Francisco Maximiano. O empresário também foi apontando pelo lobista Marconny Faria como “verdadeiro dono” da Precisa Medicamentos.
Por Redação - de Brasília
Diante de um depoente instruído para se manter em silêncio, a CPI da Covid voltou a exibir, nesta quinta-feira, o bate-boca, ofensas e a quase agressão física entre seus integrantes. Desta vez, o relator Renan Calheiros (MDB-AL) reagiu ao governista Jorginho Mello (PL-SC) chamando-o de “vagabundo”. Mello, então, passou a ofender o relator: ”Picareta, ladrão picareta!”
A discussão teve início no momento em que Calheiros disse que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) negociou com empresas de pouca credibilidade, que buscavam fraudar eleições e obter vantagens.
— Por essas coisas é que aumentou a percepção de que esse governo é um governo corrupto. Porque as pessoas vem aqui e tem essa negociação aberta, conhecida em detalhes. Eles se recusam a explicar, sem transparência nenhuma. Foi essa gente, e eu digo respeitosamente, que foi escolhida pelo presidente da República para comprar vacina, quando recusava comprar vacina da Pfizer, Butantan, OMS — disse Renan.
‘Vagabundo’
Integrante da tropa aliada ao Planalto, Mello interveio e passou a defender o governo, dando início à discussão. Falando alto, disse que Renan não tinha "envergadura" para criticar o mandatário neofascista.
— Vai para os quintos, então… — agrediu Mello, em resposta à fala do relator de que não aceitava ser interrompido.
Calheiros, no ato, chamou o colega de “vagabundo”. Este, novamente, atacou o relator, afirmando que era um "ladrão picareta”.
— Vai (para os quintos…) vossa excelência com o presidente, e com o Luciano Hang — retrucou Calheiros, em relação ao fato de que Jorginho Mello costuma defender o empresário.
— Vai lavar a boca para falar do Luciano — rebateu Mello.
— Vai lavar a sua, vagabundo — mandou Renan.
— Vagabundo é tu, ladrão, picareta. Ladrão e picareta, que o Brasil conhece — atacou Mello, levantando-se da cadeira.
Lobista
Calheiros também se levantou e passou a andar na direção do adversário. Ambos precisaram ser contidos por outros senadores. Renan, já se encaminhando para o confronto, foi contido por Randolfe Rodrigues (Rede-AP). Ele tentou, ainda, dar a volta para chegar ao agressor por outro lado, sendo novamente contido.
A CPI da Covid ouviu, nesta quinta-feira o empresário e diretor da Precisa Medicamentos, Danilo Trento, sócio da Primarcial Holding e Participações Ltda. O depoimento de Trento foi marcado pelo uso do direito ao silêncio, recusando-se a responder a maioria das perguntas dos senadores. Sem respostas, os parlamentares aprovaram requerimento para quebra de sigilos telefônico, telemático e bancário do empresário.
Danilo Trento, na empresa Primarcial Holding e Participações, com sede em São Paulo, usa o mesmo endereço da empresa Primares Holding e Participações, cujo sócio é Francisco Maximiano. O empresário também foi apontando pelo lobista Marconny Faria como “verdadeiro dono” da Precisa Medicamentos.
Imunizante
Os senadores chegaram à CPI da Covid com material colhido a respeito do envolvimento de Danilo Trento na negociação envolvendo a vacina indiana Covaxin e o Ministério da Saúde. Com habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), na noite da última quarta-feira, o depoente não rebateu as acusações e se calou, para “não se incriminar”.
No começo do depoimento, Trento informou que é diretor-institucional da Precisa e amigo de Francisco Maximiano, dono da empresa. O relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL), perguntou se a Primarcial tinha ligações com a Precisa. O empresário negou, mas senadores insistiram na pergunta, então o depoente exerceu o direito ao silêncio.
O depoente também negou ter participado das tratativas da compra da vacina indiana Covaxin, apesar de ter viajado à Índia com membros da empresa para comprar o imunizante. Perguntado sobre o preço da vacina indiana, ele explicou que os US$ 15 foram estipulados pela fabricante Bharat.
Crimes
Renan rebateu:
— Há provas de que a Barath cobrava US$ 10, mas o preço subiu para US$ 17 sem motivos.
O relator Renan Calheiros afirmou que há um “emaranhado de empresas”, que envolve as mesmas pessoas presentes em diferentes companhias, e o mesmo dinheiro repassando em cada uma delas. Ele também questionou Danilo Trento sobre um e-mail atribuído ao investigado Marconny Faria, descrevendo a “arquitetura ideal” para direcionar uma fraude na licitação de compra de testes de covid-19.
As investigações apontam que o empresário teria participado desta ação, entre outras, e não confessou os possíveis crimes.