Nesta quarta-feira, o Tribunal de Ética e Disciplina da seccional paulista da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) notificou o ex-juiz da Lava Jato, Sérgio Moro com a advertência de que “é vedada” a atividade privativa da advocacia aos clientes da consultoria à qual está associado
Por Redação - de Brasília e São Paulo
Com uma atuação marcada por “conflitos de interesses e falta de ética”, conforme descreve o ex-ministro da Justiça Eugênio Aragão, seu predecessor no cargo, o juiz que liderou as investigações da Operação Lava Jato, Sérgio Moro, já pensa duas vezes se será candidato à Presidência da República, em 2020.
— Sérgio Moro já mostrou há algum tempo que não tem ética nenhuma, ele não leva a ética a sério. É um discurso frágil que ele tinha o de falar de combate à corrupção. Quando a gente vai para a vida pessoal dele, vê que as opções que ele fez sempre incorrem em conflitos de interesses. Primeiro ele foi ser ministro da Justiça de Bolsonaro, que só foi eleito porque Lula foi impedido de participar das eleições de 2018 — destacou Aragão, em conversa com jornalistas, nesta quinta-feira.
Nesta quarta-feira, o Tribunal de Ética e Disciplina da seccional paulista da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) notificou o ex-juiz da Lava Jato, com a advertência de que “é vedada” a atividade privativa da advocacia aos clientes da Alvarez & Marsal, da qual Moro se tornou sócio-diretor, contratado por um salário anual na casa dos oito dígitos, segundo ranking internacional de executivos no setor advocatício.
Vida política
Entre os apoiadores de Sérgio Moro no Congresso, porém, sua contratação pela empresa de consultoria norte-americana já circula a informação de que o ex-ministro está reticente quanto a uma eventual candidatura em 2022. A interlocutores nos últimos meses, Moro indicou que não está determinado a ser protagonista em um projeto eleitoral. Ao diário conservador paulistano O Estado de S. Paulo (OESP), na véspera, ele afirmou que “não é o momento de pensar” em plano político.
Mesmo entre parlamentares que defendem sua candidatura, a exemplo do senador Alvaro Dias (Podemos-PR), Moro deverá refletir, nos próximos meses, se entra para a política partidária ou não. Ele acredita que não haverá respostas conclusivas nos próximos quatro ou cinco meses e percebe uma resistência do ex-juiz.
— Ele tem dito que, por ora, tem de cuidar um pouco da atividade privada, buscar o sustento da família. Afastado do cenário político, ele poderá refletir sobre a conveniência de participar ativamente ou não, ser protagonista ou não — concluiu.