Bolsonaro argumentou, perante seus seguidores à saída da residência oficial, nesta quarta-feira, que o lixo ao menos pode ser reciclado, enquanto a mídia “não serve para nada”.
Por Redação - de Brasília
Presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido) disse, nesta quarta-feira, que em lugar da pandemia — que já matou cerca de 200 mil brasileiros em apenas nove meses — é a imprensa o maior problema do país. O mandatário neofascista e negacionista quanto à gravidade da crise sanitária porque passa a nação classifica alguns veículos da mídia, tanto conservadora quanto democrática, como piores do que lixo.
Bolsonaro argumentou, perante seus seguidores à saída da residência oficial, nesta quarta-feira, que o lixo ao menos pode ser reciclado, enquanto a mídia “não serve para nada”.
— O maior problema do Brasil não é com alguns órgãos, é a imprensa. Se eu me preocupar com o que a mídia escreve, não saio de casa — disse Bolsonaro. O vídeo em que ele faz tal afirmação foi divulgado nas redes sociais.
Desemprego
O capitão do Exército demitido a bem do serviço público reclamou da repercussão, na mídia nacional, após afirmar que “o Brasil está quebrado”. Ele atribuiu parte do desemprego no país ao fato de, na visão dele, o brasileiro não estar preparado para fazer “quase nada”. Na sequência, lembrou que, no ano retrasado, determinou o cancelamento de assinatura de veículos da imprensa pelo governo federal.
— No final de 2019 eu acabei com todas as assinaturas de jornais. IstoÉ, Veja, Estadão, Globo, Folha. Todos os ministros recebiam, mais alguns órgãos. Quem quiser comprar lixo, vai na rodoviária. Não é nem lixo, porque lixo é reciclável. Não serve para nada, só fofoca, mentira o tempo todo — acrescentou.
É costume de Bolsonaro atacar a imprensa e responsabilizar jornalistas e veículos de comunicação, por exemplo, por, na visão dele, ter maximizado a pandemia de covid-19, a qual o presidente já classificou como uma “gripezinha”. Segundo afirmou, a crise na saúde deveria ser enfrentada “de peito aberto”, reclamando que, segundo ele, o Brasil está se tornando um país de “maricas”.
Impeachment
Para o jurista Pedro Serrano, no entanto, o problema do Brasil é mesmo o seu governante. Ele foi categórico ao afirmar, em entrevista à agência brasileira de notícias Rede Brasil Atual (RBA), que única saída hoje para o país é o impeachment do presidente. A conduta do ex-capitão na pandemia do novo coronavírus, avalia, é extremamente grave.
— Ele vulnera os mais relevantes princípios e valores que tem numa Constituição democrática que é o direito à vida e à saúde da população. Não há nada pior do que isso — afirmou Serrano.
A conduta de Bolsonaro, de acordo com o jurista, está no nível de grandes genocídios.
— Ele está nesse tipo de categoria. De promover morte e doença da comunidade em grande extensão por ações e omissões, principalmente. Essa conduta agora se ‘consagra’ com essa catástrofe da política pública da questão da vacina — acrescentou.
Consensos
O advogado observa, ainda, que a Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) é empecilho, sob a atual gestão, a um programa de imunização contra a covid-19.
— Foi o que aconteceu com essa empresa americana, que foi tentar iniciar o diálogo para obter uma licença provisória da vacina e a Anvisa criou uma série de obstáculos. A Anvisa, em que o diretor de vacinação posto por Bolsonaro é um tenente coronel. Isso tudo exige uma conduta imediata das instituições — ressalta.
Bolsonaro está destruindo consensos lógicos fundamentais para a vida em sociedade, reforça Serrano, professor da Faculdade de Direito da Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP), pela qual é doutor e mestre em Direito.
— Temos uma parte da comunidade brasileira falando contra a vacina, defendendo que o vírus não existe, enquanto o parente morre no hospital. É isso que estamos vivendo, e isso é a absoluta degradação da sociabilidade. É tanta atrocidade, que esse homem fala todos os dias e seus seguidores repercutem. E estamos naturalizado isso. É a pior coisa pra nós. Não podemos aceitar. Se o país não quer ser destruído, tem de decretar impeachment de Bolsonaro já — concluiu.