Pesquisa revela que Lula tem 43% contra 41% de todos os demais candidatos somados. Num eventual segundo turno, o líder petista aparece com 55% a 28% de Bolsonaro. Na pesquisa estimulada Lula teria 43% dos votos válidos contra 24% de Bolsonaro.
Por Redação - de Brasília, São Luís e São Paulo
Embalado pelas pesquisas de opinião, a exemplo de estudo do Instituto Vox Populi, divulgado nesta sexta-feira, que revela a ampla liderança do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que o venceria já no primeiro turno caso as eleições presidenciais fossem realizadas hoje, o líder petista amplia o arco das negociações para um terceiro mandato.
De acordo com o levantamento, Lula tem 43% contra 41% de todos os demais candidatos somados. Num eventual segundo turno, Lula aparece com 55% a 28% de Bolsonaro. Na pesquisa estimulada Lula teria 43% dos votos válidos contra 24% de Bolsonaro.
Depois, aparecem o apresentador Luciano Huck (sem partido) e Ciro Gomes (PDT), com 8% e 5%, respectivamente. João Doria (PSDB) figura em seguida com 2% e aparece empatado com João Amoedo (Novo), que também possui 2% da intenção do eleitorado. Votos brancos e nulos somam 14%. Lula tem 33% na pesquisa espontânea, enquanto Jair Bolsonaro aparece com 19%. Ciro tem 2% e os demais têm 1%.
Incompetência
Lula, por sua vez, não poupa críticas ao atual mandatário e, em em entrevista concedida ao jornal britânico “The Guardian” publicada nesta sexta-feira, considera que as eleições de 2022 poderão ser o momento para “o Brasil ser resgatado depois de ser transformado em um pária global atingido pela Covid por seu ‘psicopata’ presidente Jair Bolsonaro” .
Lula disse que a epidemia de covid no Brasil e a crise socioeconômica que ele gerou significam que é muito cedo para lançar o que seria sua sexta campanha presidencial desde 1989. Mas afirmou ter experiência e vontade de liderar a “recuperação” do Brasil após os danos infligidos pela incompetência de Bolsonaro, e o faria, se seu partido e eleitores quisessem.
O petista mais uma vez reforçou que Bolsonaro está diretamente ligado às 444 mil mortes decorrentes da Covid-19.
— Ele poderia ter evitado metade dessas mortes — critica.
Pandemia
Sobre os últimos ataques de Bolsonaro, que chegou a dizer que o ex-presidente “é filho do capeta”, Lula respondeu que, “nos últimos dois ou três anos, Bolsonaro quase não pronunciou meu nome porque pensava que eu estava fora do jogo - e agora de repente ele percebe que estou segurando todas as melhores cartas e se isso fosse pôquer ele já teria perdido”.
Este, no entanto, não foi o último ataque de Bolsonaro a Lula, que almoçou com seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso (FHC), no encontro marcado há uma semana pelo ex-ministro da Justiça de FHC e da Defesa de Lula Nelson Jobim. Em uma rede social, em mensagem publicada nesta manhã, Lula afirma que falaram sobre democracia e "o descaso do governo Bolsonaro no enfrentamento da pandemia".
A aproximação política dos ex-presidentes, que protagonizaram por anos uma rivalidade política no Brasil, vem ocorrendo com elogios recíprocos, de Lula pelas redes sociais e FHC em entrevistas. O perfil oficial de Lula publicou uma foto em que ele aparece ao lado de FHC, os dois usando máscaras e se cumprimentando com os devidos cuidados contra a covid-19.
‘Herança maldita’
A publicação diz que foi um "um almoço com muita democracia no cardápio" e que os ex-presidentes tiveram "uma longa conversa sobre o Brasil, sobre nossa democracia, e o descaso do governo Bolsonaro no enfrentamento da pandemia”.
O encontro, para o presidente do PSDB, Bruno Araújo, “ajuda a derrotar Bolsonaro, mas não faz bem a um potencial candidato do PSDB”.
— O partido segue firme na construção de uma candidatura distante dos extremos que se estabeleceram na democracia brasileira. Depois de o petismo rotular o seu governo de ‘herança maldita’, parece mais que estão em busca de votos do que um reconhecimento da gestão de FHC — afirmou, a jornalistas.
‘Ladrão’ e ‘vagabundo’
Para a deputada federal e presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann (PR), no entanto, o encontro entre os ex-presidentes mostra que “o Brasil quer voltar a debater o futuro pela política”. Ela também condenou a agressão feita por Jair Bolsonaro contra Lula e FHC após ele tomar conhecimento da reunião.
“Só mesmo Bolsonaro é incapaz de aceitar que dois ex-presidentes podem conversar civilizadamente sobre os graves problemas do país, como fizeram Lula e FHC. O Brasil quer voltar a debater o futuro pela política. O ódio e a mentira deram no que deram”, escreveu Gleisi, em uma rede social.
O encontro entre Lula e FHC, no entanto, causou uma indigestão no atual chefe do Executivo. Em discurso no interior maranhense, nesta manhã, Bolsonaro chamou Lula de “ladrão” e FHC de “vagabundo’.
— Falando em política, para o ano que vem já há uma chapa formada: um ladrão candidato a presidente e um vagabundo como vice — afirmou Bolsonaro, em Açailândia, no Maranhão, onde esteve para a entrega de títulos de propriedade rural, em clara alusão às eleições gerais de 2022.
‘Gordinho ditador’
Para o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), também agredido por Bolsonaro, o diálogo entre os ex-presidentes é importante para derrotar o governo neofascista.
"Muito importante esse diálogo entre os ex-presidentes Lula e Fernando Henrique, independentemente de alianças eleitorais. Trata-se de proteger a democracia ameaçada pela extrema-direita bolsonarista. Defendo esse diálogo há alguns anos, conforme registros de 2015 e 2017", escreveu o chefe do Executivo maranhense, no Twitter.
Foi o bastante para que Bolsonaro chamasse Dino de “gordinho ditador”, comparando-o ao premiê norte-coreano Kim Jong-un. E emendou, afirmando que o Estado será "libertado da praga" do comunismo.
— Lá na Coréia do Sul (?!) é uma ditadura e o ditador não é um gordinho? Na Venezuela também é uma ditadura e não é gordinho o ditador? E quem é o gordinho ditador aqui no Maranhão? — disse Bolsonaro. Ao desferir o ataque, porém, o ex-capitão queria se referir a Coreia do Norte e não a Coreia do Sul.