Revelada ao público, pela primeira vez, no depoimento da deputada Joice Hasselmann (PSL-SP), a “snapnaro” ficou conhecida em 4 de dezembro de 2019. Esta também foi a data que marcou o último dia de sua existência no universo virtual das redes sociais brasileiras. Após as denúncias da parlamentar, a página foi apagada.
Por Redação - de Brasília
A página “snapnaro”, que circulou durante o último período eleitoral e nos meses seguintes com notícias falsas sobre adversários do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) foi editada por seu administrador na rede de computadores do Senado, entre fevereiro e maio de 2019. A denúncia, vazada para um dos diários conservadores cariocas, revela dados encaminhados pela rede social Facebook à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) das Fake News no Congresso.
Carlos Bolsonaro (PSC-RJ) foi o coordenador da campanha do pai, Jair Bolsonaro (sem partido), na área de comunicação
Revelada ao público, pela primeira vez, no depoimento da deputada Joice Hasselmann (PSL-SP), a “snapnaro” ficou conhecida em 4 de dezembro de 2019. Esta também foi a data que marcou o último dia de sua existência no universo virtual das redes sociais brasileiras. Após as denúncias da parlamentar, a página foi apagada.
Criada em maio de 2017, conforme atesta documento enviado pelo Facebook, dona do Instagram, à CPMI das Fake News, o autor identificado foi Arthur da Motta, que assina por uma empresa, sem informar o seu CPF. De acordo com o Facebook, foram ao todo 95 acessos pela rede do Senado, nos quatro meses citados.
Adversários
Nas publicações, o perfil divulgava notícias de blogs com elogios a Bolsonaro e pesadas críticas aos parlamentares que romperam com o presidente. O vereador do Rio Carlos Bolsonaro (PSC) e o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-RJ) já interagiram com a conta e repercutiram suas publicações.
A lista encaminhada à CPMI do Congresso, com outros milhares de acessos ao perfil, em cidades como São Paulo, São Luís (MA), Saquarema (RJ) e Alegre (ES), não revela a atividade do usuário ao acessar a conta. Em seu depoimento, Hasselmann afirma que a página integrava o “SECRETO2 G.O”, um grupo privado de conversas no Instagram, do qual participavam outras cinco contas.
Segundo a parlamentar paulista, todas as páginas foram usadas para difamar adversários de Bolsonaro. Ela própria, depois de romper com o presidente e ser retirada da liderança do governo, tornou-se alvo de ataques do grupo. A deputada entregou aos colegas cópias de conversas e laudos que atestariam sua autenticidade.
Evidências
Ainda segundo Hasselmann, a “snapnaro” integrava o grupo ao lado de outras páginas suspeitas, a saber: “presidentebolsonarobr”,“bolso_feios”; “bolsolindas”,“carlosopressor” e a “bolsoneas”. Outro documento encaminhado pelo Facebook à CPMI, na semana passada, prova que o perfil “bolso_feios” foi criado com um e-mail usado por Carlos Eduardo Guimarães, funcionário do gabinete do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). A conta foi acessada pela rede de computadores da Câmara. A página também foi apagada há alguns dias.
De acordo com o relatório encaminhado, em uma das conversas entregues pela deputada à CPMI, que teria ocorrido em meio ao racha do PSL em outubro do ano passado, o usuário “snapnaro” diz que é preciso “pegar pesado com os traidores”. A página “bolso_feios” responde: “Amanhã é o Julian”. A referência é ao deputado Julian Lemos (PSL-PB). A conta “snapnaro” escreve, então: “canalhas”.
Em face das novas evidências, a oposição e o centrão recolhem assinaturas para prorrogar a CPMI por mais 180 dias. O prazo final para a comissão é 13 de abril. Para prorrogar, são necessárias 27 assinaturas no Senado e 171 na Câmara, o que corresponde a um terço dos parlamentares de cada Casa.
Segundo parlamentares, no Senado, já há número suficiente para pedir a continuidade do colegiado. Na Câmara, o movimento será ampliado já a partir dessa semana.